Brava: “A família não está em crise, mas a tentar reajustar no mundo que temos agora” – sociólogo

Em entrevsta a Inforpress, o sociólogo da equipa da Equipa Multidisciplinar de Apoio à Educação Inclusiva (EMAEI), Dulceleno Ferreira, considera que a família “não está em crise”, mas a tentar “reajustar” no novo mundo em que se está a viver.

May 15, 2019 - 04:46
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Brava: “A família não está em crise, mas a tentar reajustar no mundo que temos agora” – sociólogo

Em entrevsta a Inforpress, o sociólogo da equipa da Equipa Multidisciplinar de Apoio à Educação Inclusiva (EMAEI), Dulceleno Ferreira, considera que a família “não está em crise”, mas a tentar “reajustar” no novo mundo em que se está a viver.

Em entrevista à Inforpress, o sociólogo considerou que “estamos a viver num mundo da hiper-conectividade”, onde, segundo apontou, as novas tecnologias, a media e as redes sociais estão a cada dia que passa proliferando no seio da sociedade e as famílias como actores sociais têm de sofrer as consequências da mudança e o balanço do reajuste.

Dulceleno Ferreira compara a era que estamos vivendo com a época em que as famílias começaram a adquirir televisões, onde todo o mundo dizia que este aparelho veio para destruir as famílias.

Mas, neste momento, advertiu, é o facebook, que desde o seu surgimento, em 2004, as famílias estão tentando reajustar, “no mundo em que as mudanças estão decorrendo em fracções de segundos”.

Ou seja, conforme explicou, hoje o que é novidade num local, ao virar na esquina já se depara com uma outra novidade, salientando que “se antes as coisas aconteciam num processo mais paulatino, agora estamos adaptando mais depressa”.

Além da questão das novas tecnologias, medias, redes sociais, avanços no tempo, o sociólogo falou também das mudanças que aconteceram dentro do seio familiar, exemplificando que antigamente a mulher não trabalhava e cuidava dos filhos, somente o pai quem saía para trabalhar fora.

Mas hoje, de acordo com a mesma fonte, todos estão trabalhando, as mulheres estão estudando, os filhos passam mais parte do tempo na creche ou com as babas e é necessário reajustar estes factos.

Segundo o técnico da EMAEI, antigamente, a mãe dedicava somente à família e aos filhos e havia toda uma rede social, que incluía os vizinhos ou outras pessoas, e que eram referências para as crianças e qualquer um poderia repreender caso estivesse fazendo algo errado.

Mas hoje, “cada um está focado no seu eu, nos seus objectivos, nas suas famílias, e o que acontece com os outros não damos conta”, sem se referir que o mundo hoje está “invadindo” a nossa casa com as novas tecnologias, onde a falta de tempo é compensada com tablets, telemóveis, que estão substituindo os pais e mesmo as babas, tendo em conta que a correria diária, muitas vezes, não dá tempo para os pais se sentarem e dialogarem com os filhos.

Feitas estas considerações, salientou ainda que hoje, o poder do pai e da mãe “está diminuindo”, acrescentando que antes havia um respeito maior e que é comum ouvir dos pais que não estão conseguindo colocar os filhos na linha”.

Como consequência do tempo que os pais têm dedicado mais pouco aos filhos, o sociólogo explicou que este papel tem recaído sobre a escola e outros actores, gerando assim uma certa instabilidade, o que acaba por interferir na questão dos valores que são transmitidos às crianças.

Em relação às famílias que possuem crianças com necessidades educativas especiais, com as quais este sociólogo trabalha mais ligado, a mesma fonte salientou que para este pais lidar com este reajuste é “mais difícil”, pois através da media, redes sociais, estas crianças deparam com um padrão criado por estes meios, acabando por questionar o porque que elas são diferentes, mas também são “mais um recurso para o desenvolvimento das mesmas”.

Mas, para este sociólogo, este reajuste não é motivo para considerar que a família está em crise ou de dizer que está afectando ou mexendo com a sua estrutura.

“É necessário, além de tudo o que está acontecendo, manter sempre o amor, o respeito, a união, assim como a necessidade de impor limites às crianças, não ceder às chantagens, porque o mundo muda depressa e a influência é muita, as referências mais ainda, mas nem todas são positivas”

Até porque, segundo o mesmo, a sociedade sempre adaptou às mudanças, a questão da diferença do antigamente com o actual é que agora as coisas estão acontecendo com maior velocidade.

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