Brava: Agricultores e criadores de gado acusam delegado do MAA na ilha de usar meios públicos “em benefício próprio”

O delegado do Ministério da Agricultura e Ambiente (MAA) na ilha Brava é acusado por agricultores e criadores de gado de utilizar meios financeiros, transportes e funcionários deste ministério em benefício próprio.

Aug 23, 2018 - 13:01
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Brava: Agricultores e criadores de gado acusam delegado do MAA na ilha de usar meios públicos “em benefício próprio”

O delegado do Ministério da Agricultura e Ambiente (MAA) na ilha Brava é acusado por agricultores e criadores de gado de utilizar meios financeiros, transportes e funcionários deste ministério em benefício próprio.

À semelhança do resto do país, a situação do ano agrícola na ilha da Brava evoluiu de forma negativa devido à fraca precipitação registada, tendo o governo local e nacional lançado uma campanha para a mitigação do mau ano agrícola.

Com este programa, alguns agricultores e criadores da ilha Brava, incluindo alguns funcionários do MAA, procuraram à Inforpress para denunciarem alguns actos “abusivos”, supostamente cometidos pelo delegado do MAA, Estevão Fonseca, que, segundo o porta-voz do grupo, António Fernandes “Tony”, “viu neste projecto de mitigação uma oportunidade para fazer o seu próprio negócio”.

António Fernandes disse que, apesar da crise e da seca reinante em todo o país, o delegado do MAA na ilha “consegue manter a sua horta localizada no coração de Nova Sintra, mesmo atrás da Delegação, “sempre verde” e com o “contador de água desligado”.

O porta-voz dos agricultores e criadores adiantou que o responsável do MAA na Brava faz a irrigação da sua propriedade “recorrendo a um sistema muito bem montado de aproveitamento dos recursos públicos”.

Segundo António Fernandes, o MAA na ilha costumava apoiar os agricultores, fornecendo um auto-tanque com capacidade para um pouco mais de duas toneladas de água para que aqueles que não conseguissem ter acesso à quantidade desejada de água através da rede pública pudessem complementar a rega com a água auto-transportada.

“E, assim, os agricultores adquiriam água para a sua rega, pagando pelo serviço o equivalente a 1.070 escudos cada volta”, afirmou.

Segundo os agricultores, há algum tempo, o responsável mandou avisar sobre a suspensão deste serviço, “por problemas mecânicos apresentado pelo camião”.

“Porém, à vista de todos na ilha, o camião tem sido conduzido por terceiros não pertencentes ao ministério e faz vários fornecimentos aos fins-de-semana e após o horário de trabalho para a horta do delegado, facto que tem causado um grande descontentamento nos agricultores”, disse António Fernandes.

“O anterior Governo havia dado um furo na localidade de Sorno, para aumentar a disponibilidade de água para a agricultura. O delegado, então, aproveitando deste furo, determina a bombagem da água até a localidade de Palhal (“padjal”), perto de Lomba Tantum, fazendo uso do veículo entregue a um condutor privado, aos fins-de-semana, e depois do horário laboral, com o combustível do serviço, para encher o seu reservatório de água”, conta o porta-voz do grupo.

A mesma fonte acrescentou a “própria localidade de Sorno, neste momento, está sofrendo com a falta de água,  devido às atitudes do delegado”.

O responsável do MAA na Brava ainda é acusado de “exportar produtos agrícolas para a ilha do Fogo, e fornecer também alguns minimercados na “Ilha das Flores”.

Além dos agricultores, os criadores de gado da ilha também estão “furiosos com algumas atitudes do Estevão Fonseca”, já que conforme denúncias de um grupo de criadores, representado pelo Bobbi, o delegado “aldrabou” um criador de galinhas, que, através do programa POSER, teve acesso a um financiamento para que fizesse a criação de aves para a postura de ovos.

“Porém, as aves tiveram algum atraso na postura no início e, ao invés de ser apoiado com o suporte técnico, o delegado viu que o criador não tinha como pagar o empréstimo e pediu que este lhe vendesse os animais, em vez de ele explicar o que é que estava acontecendo”, conta Bobbi.

“Adquiriu os animais por 500 escudos cada, ficou com a quantidade que necessitava, vendeu o restante a 800 escudos cada, e iniciou a sua própria produção de aves de posturas”, adiantou.

O criador Bobbi acrescentou que Estevão Fonseca tem aproveitado as instalações do MAA, no Centro de Extensão Rural, em Campo Baixo, onde “mantém produtivas as aves, usando como criadores os técnicos pagos pelo MAA, além das instalações com água, electricidade e terreno, gratuitamente, produzindo e vendendo ovos a um preço mais baixo do que o praticado no mercado”.

Além da criação de galinhas, disse a mesma fonte, o delegado também “cria porcos, cujas pocilgas foram construídas com recursos do ministério e os suínos estão sendo cuidados pelos técnicos também”, acrescenta Bobbi.

Contactado pela Inforpress para reagir sobre estas acusações, o delegado do MAA, Estevão Fonseca, escusou pronunciar-se sobre a matéria, pelo menos, por agora.

Inforpress/fim

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