Brava/Santo António: “Os jovens já não querem seguir e dar continuidade às tradições” – festeira

Júlia Moreno, uma festeira de uma das bandeiras da Brava, considera que os jovens “não querem dar continuidade e nem seguir” as tradições, o que está a colocar em causa os traços e as festas tradicionais da ilha.

Jun 13, 2019 - 06:07
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Brava/Santo António: “Os jovens já não querem seguir e dar continuidade às tradições” – festeira

Júlia Moreno, uma festeira de uma das bandeiras da Brava, considera que os jovens “não querem dar continuidade e nem seguir” as tradições, o que está a colocar em causa os traços e as festas tradicionais da ilha.

A festeira é da localidade de Campo Baixo, Freguesia de Nossa Senhora do Monte, mas veio à cidade de Nova Sintra brincar o “pilon de Nhô Santo António” e é ela, quem contou à Inforpress a história e o ritual desta tradição bravense.

A mulher de 68 anos disse que vem brincando o “pilon” há vários anos, até que “já perdeu a conta”.

Entretanto, acrescentou que é festeira da Santa Ana de Campo, que este ano se celebra no dia 4 de Agosto, já lá vão 33 anos.

A festeira explicou que o “pilon ou kutxi” é tradição da bandeira, feita sempre na antevéspera das festas, onde normalmente costumam participar muitas pessoas, mas, acrescentou que este ano, o “pilon” de Santo António não teve muita adesão por parte da população bravense.

De acordo com a mesma, a adesão vai ser cada ano “mais fraca”, tendo em conta que os jovens já “não estão” tão apegados aos rituais tradicionais.

Normalmente, sobre esta tradição, a mesma fonte contou que “os homens tocam o tambor, ou mesmo algumas mulheres de coragem, as outras mulheres cantam e vão “colando” ao ritmo do toque e todos os interessados participam no habitual kutxi midjo e, neste mesmo espaço, encontram-se aqueles que vão distribuindo os comes e bebes”.

Para a festeira, brincar “pilon” é uma alegria “sem medida”, é uma tradição que sai da “linha do coração” e enquanto tiver com vida, pode ser com bengala, desde que consiga levantar-se, ela garantiu que vai brincar o “pilon” sempre.

Em relação à bandeira, considera-a uma “grande satisfação”, até porque, de acordo com a mesma, todos têm interesse em festejá-la, mas a de Santo António não pode sair da zona de Lém e é por isso que ela e o seu grupo deslocam-se da sua zona para festejarem em Nova Sintra, juntamente com os festeiros que tomaram esta responsabilidade.

Daí, devido à importância que esta tradição possui na ilha, Júlia Moreno salientou que a mesma não deve ser esquecida e nem abandonada, porque é algo que veio desde há muitos anos.

Sendo assim, ela é de opinião que os jovens devem dar continuidade às tradições, pois, os que estão a festejar até esta data, já estão com uma certa idade e a cada dia que passa, vão retrocedendo, daí, pede-lhes que se engajem nesta tradição porque a bandeira “não pode ser enterrada” e são os jovens que têm de impedir que isso aconteça.

MC/ZS

Inforpress/Fim

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