O Aeródromo de Ponta do Sol e o Twin Otter

De tempos a tempos saem comentários jornalísticos sobre o encerramento do aeródromo “Agostinho Neto”, em Ponta do Sol, ilha de Santo Antão, atribuindo isso ao desastre aéreo do Dornier Do 228 da Guarda Costeira, a 7 de Agosto de 1999, que realizava o voo S.Vicente – Santo Antão, operado pela TACV Cabo Verde Airlines. Outros apontamentos referem-se à impossibilidade da expansão do aeródromo como causa para a sua desactivação. Na verdade, o encerramento do aeródromo se deveu a causa diversa conforme foi divulgado na época.

Sep 19, 2018 - 13:53
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O Aeródromo de Ponta do Sol e o Twin Otter

De tempos a tempos saem comentários jornalísticos sobre o encerramento do aeródromo “Agostinho Neto”, em Ponta do Sol, ilha de Santo Antão, atribuindo isso ao desastre aéreo do Dornier Do 228 da Guarda Costeira, a 7 de Agosto de 1999, que realizava o voo S.Vicente – Santo Antão, operado pela TACV Cabo Verde Airlines. Outros apontamentos referem-se à impossibilidade da expansão do aeródromo como causa para a sua desactivação. Na verdade, o encerramento do aeródromo se deveu a causa diversa conforme foi divulgado na época. 
A ASA decidiu fechar o aeródromo em 2003, já que a TACV Cabo Verde Airlines decidira alienar a aeronave De Havillland Canada DH-6 Twin Otter, baptizado pelo povo de “Djô Canela” (por ter trens de aterragem rígidos, não retrácteis). Fui pessoalmente a Santo Antão, onde me reuni com os Presidentes das Câmaras Municipais da ilha para lhes informar das razões do encerramento do aeródromo. O Twin Otter era a única aeronave a operar no aeródromo de Santo Antão e, não havendo aviões para lá operar (já que a pista era de 598mx30m), a solução seria o fecho, mesmo que temporário, dessa infra-estrutura. Todos se mostraram desencantados com tal medida e, tal como expliquei, também a ASA não via com bons olhos tal medida desencadeada pela TACV. Na altura chegamos a argumentar com as dúvidas sobre a descontinuidade ou não do Twin-Otter, um avião muito bem adaptado à maioria dos aeroportos e rotas do arquipélago, mas não se teve em conta os argumentos de racionalidade operacional, técnica, comercial e económica. E alienou-se uma aeronave versátil de 19 assentos, com configurações para carga e passageiros, ficando o país privado desse modelo ou outro equivalente. Nos últimos tempos, o Twin Otter D4-CAY (o seu sósia D4-CAX acidentou-se na Praia a 28 de Setembro de 1998) realizava também voos cargueiros entre as ilhas, com excelentes resultados. 
Entre 1965 e 1998 a De Havilland Canadá produziu e desenvolveu o DHC-6 Twin-Otter (séries 100, 110, 200 e 300), sendo que a partir de 2008, até à data, se desenvolveu a série 400. Actualmente, o Twin Otter é produzido pela Viking Air que passou a deter os direitos de fabricação. Foram produzidos mais de 900 unidades e actualmente encontram-se mais de 290 aviões operativos em todos os continentes, com maior expressão no Norte/Sul da América (118). A maior operadora de Twin-Otters é a Trans Maldivian Airways, com 43 unidades de 19 assentos na sua frota. Os actuais modelos são modernos, com cockpit totalmente renovado. 
Nunca tive dúvidas que Cabo Verde precisa de aeronaves adaptadas às ilhas, às rotas de curto alcance e aos respectivos mercados, seja Twin-Otter , seja Bombardier, seja CASA, seja outro equiparado. E o investimento de capital e custos de operação compensam quando comparados com as soluções actuais em algumas rotas.

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