Brava: Carta aberta ao Presidente da Câmara Municipal -  Investimento em Turismo, mas sem previsão de turistas

"Turismo sem turistas" é uma expressão que descreve a situação em que o sector do turismo e o destino turístico enfrenta na realidade, Brava, desde sempre, com uma clara baixa demanda ou a ausência de visitantes. Isso ocorre por várias razões, como crises econômicas, desastres naturais, instabilidade política, epidemias ou pandemias, entre outros factores, mas em relação a Brava, ocorre por ser Brava, Brava.

May 20, 2023 - 13:09
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Brava: Carta aberta ao Presidente da Câmara Municipal -  Investimento em Turismo, mas sem previsão de turistas

 

"Turismo sem turistas" é uma expressão que descreve a situação em que o sector do turismo e o destino turístico enfrenta na realidade, Brava, desde sempre, com uma clara baixa demanda ou a ausência de visitantes. Isso ocorre por várias razões, como crises econômicas, desastres naturais, instabilidade política, epidemias ou pandemias, entre outros factores, mas em relação a Brava, ocorre por ser Brava, Brava.

Senhor Presidente Francisco Tavares,

Esta análise vem na sequência da sua “teimosia” e boa vontade em querer investir avultadas somas na criação de infraestruturas turísticas, sem para qual existe qualquer acção na perspectiva de “vender” o destino Brava.

A ilha Brava é uma pequena ilha vulcânica localizada no arquipélago de Cabo Verde, no Oceano Atlântico, ao largo da costa noroeste da África. É a mais ocidental e a menor das ilhas habitadas do arquipélago, com uma área de apenas 67 quilômetros quadrados.

Brava é conhecida por sua beleza natural intocada, com paisagens montanhosas, penhascos íngremes, vales verdejantes e pequenas praias isoladas. A ilha é dominada pelo Monte Fontainhas, que se eleva a cerca de 976 metros de altitude e oferece vistas panorâmicas impressionantes.

A principal cidade de Brava é Vila Nova Sintra, um encantador centro urbano com ruas estreitas, casas pintadas a branco e cinza, e uma atmosfera tranquila. A cidade tem uma rica herança cultural, refletida em sua arquitetura colonial e nas tradições locais, como a música de morna, um gênero musical típico de Cabo Verde.

Brava é um destino ideal para os amantes da natureza, caminhantes e aqueles que buscam um refúgio tranquilo. As trilhas ao redor da ilha oferecem oportunidades para explorar a paisagem deslumbrante, com  caminhadas que percorrem  penhascos costeiros, vales e montanhas a perder de vista.

Para chegar à ilha Brava, é possível pegar um voo para o aeroporto de São Filipe, na vizinha ilha do Fogo, e depois tomar um barco para Brava. É recomendável verificar os horários e a disponibilidade dos transportes, pois podem variar.

Em resumo, a ilha Brava é um destino encantador para os viajantes que buscam tranquilidade, beleza natural e autenticidade cultural. Sua paisagem montanhosa, praias isoladas e charmosa cidade de Vila Nova Sintra oferecem uma experiência única e cativante aos visitantes.

 

Senhor Presidente, só boa vontade não chega. Quem está vendendo o destino “Brava”? Que mercados tem a informação de que existe uma ilha chamada Brava? A ilha tem participado em feiras de turismo na Europa, Ásia e Estados Unidos da América? Que contactos a ilha tem estabelecido com países emissores de turistas, especialmente aqueles que adoram actividades radicais? 

Que o turismo estava em declínio ou paralisado, por vários factores, a começar pela pandemia, isso já sabemos, mas a ilha Brava deve poder se incluir nesta retoma e novas ondas. Dos impactos positivos para as economias locais, de um turismo consistente e programado, todos temos a devida consciência. Que os hotéis, restaurantes, agências de viagens, lojas de souvenirs e outras empresas relacionadas ao turismo podem sofrer grandes perdas financeiras, caso este sector não tiver a devida atenção, ninguém tem dúvidas. Além disso, a falta de turistas pode ter consequências negativas para o patrimônio cultural e a preservação de certos destinos que dependem da visitação para sua manutenção.

Senhor Presidente, 

Estamos com sérias preocupações que a Brava tem estado a percorrer um caminho inverso, no que tange a preparação do sector. Sem a devida organização do transporte de e para a ilha Brava. Sem a devida propaganda da Brava como um destino de excelência, que aposta na diferenciação em relação às ilhas do Sal e da Boa Vista, todo trabalho realizado ou a ser feito no que toca a investimentos em miradouros, caminhos vicinais, formação de jovens e até na criação do centro interpretativo de Nova Sintra, pode ser em vão e contribuir para criação de elefantes brancos, algo que a ilha Brava tem se especializado ao longo de anos.

Por outro lado, Senhor Presidente, 

Temos que parar e refletir melhor, ouvindo especialistas, investidores, homens de negócios, cidadão comum, para juntos montarmos uma  estratégias de reaproveitamento das particularidades da ilha e explorar outras perspectivas do turismo. 

Necessário será, sim, investir em melhorias na infraestrutura, na capacitação de profissionais locais, na diversificação de atrativos e na promoção do turismo doméstico, mas antes temos que ter TURISTAS. Como garantir a sustentabilidade do sector se não conseguirmos vender o destino “Brava”?  Mal comparando, seria ter uma loja bem apetrechada, prateleiras cheias, armazém abarrotado, limpo e arrumado, com o dono sentado à porta num confortável sofá, esperando por um milagre, o aparecimento de clientes.

Num mundo globalizado, onde os destinos turísticos de sol de mar, acerram grandes fileiras para disputas palmo a palmo, cada cliente;

Numa realidade de ter que escolher ir a Brava ou Santo Antão, ilhas com ofertas similares;

Num sector onde o marketing ganha cada vez o ponto central, levando os clientes a escolherem entre o bom, melhor e óptimo, a ilha perdeu e cada vez vem perdendo terreno, correndo o risco de até deixar escapar os emigrantes de origem bravense, que vem visitando menos a ilha por causa da insegurança de transporte marítimo.

Temos que refletir!

Momento para refletir sobre a sustentabilidade e repensar o modelo turístico, visando reduzir os impactos negativos no meio ambiente e na comunidade local;

Momento para refletir que turismo queremos, baseado num plano estratégico muito bem debatido, absorvendo propostas de vários quadrantes da sociedade;

Momento de refletir que investimentos e em que momentos, evitando gastar rios de dinheiro, que não podem ajudar no consecução dos objetivos preconizados; 

Brava precisa sim de um turismo sustentável, ambientalmente recomendável, que favoreca as comunidades locais, beneficiando os pequenos investidores e micro produtores, mas precisa de um turismo com turistas.

Brava precisa se vender, como um destino turístico cultural e de montanha, onde os visitantes possam descobrir paisagens de tirar o fôlego, desde grandes desfiladeiros até montanhas imponentes;

Onde possam explorar reservas naturais e trilhas deslumbrantes que revelam  biodiversidades únicas;

Onde encontram uma rica herança cultural, visitando a casa Museu, edifícios coloniais emblemáticos e testemunhando a história viva através de festivais tradicionais, danças folclóricas e gastronomia típica;

Senhor Presidente Tavares, 

A Brava precisa- se vender como destino turístico, onde os turistas que procuram a experiência de uma viagem verdadeiramente memorável, encontram na ilha  o lugar perfeito para explorar. Com suas belezas naturais, patrimônio cultural, experiências autênticas, turismo de aventura e hospitalidade calorosa, este destino oferece uma combinação única de encanto e descoberta. 

Que nesta campanha os responsáveis não devem perder a oportunidade de mostrar ao possível visitante que tão logo chegar à ilha Brava ele poderá  vivenciar uma jornada que enriquecerá sua alma e deixará lembranças duradouras. 

Moises Santiago

Estados Unidos da América, 20 de Maio de 2023

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