Pinceladas no passado: Freguesia de Nossa Senhora do Monte, suas origens, seu passado e sua história
(...) A ilha Brava, a menor ilha habitada do arquipélago de Cabo Verde, encontra-se estrategicamente localizada no grupo de Sotavento, no centro do Oceano Atlântico. Descoberta em 1462 pelo explorador português Diogo Afonso, a ilha possui uma história rica e complexa, marcada por ondas de povoamento, influências culturais diversas e uma profunda tradição religiosa. O presente relatório tem como objetivo explorar meticulosamente as origens e a história inicial da freguesia de Nossa Senhora do Monte na ilha Brava, procurando responder à questão do utilizador através de uma análise histórica abrangente. Atualmente, a ilha Brava está administrativamente dividida em duas freguesias civis: São João Baptista e Nossa Senhora do Monte. Esta divisão representa uma fase posterior na história da ilha, tornando necessário examinar as condições que levaram ao estabelecimento da freguesia de Nossa Senhora do Monte. A existência de duas freguesias distintas numa ilha relativamente pequena sugere um nível significativo de desenvolvimento histórico e a potencialidade de diferentes padrões de povoamento ou influências religiosas nas áreas que abrangem. É comum que pequenas ilhas começam com um único povoamento central e uma instituição religiosa. O surgimento de uma segunda freguesia geralmente indica crescimento populacional, o desenvolvimento de comunidades distintas em diferentes áreas geográficas ou a influência de eventos históricos específicos que moldaram a paisagem religiosa da ilha.

A descoberta da ilha Brava ocorreu no ano de 1462 por Diogo Afonso, um explorador português ao serviço do Infante D. Henrique. Este evento sucedeu-se relativamente pouco tempo após o início da exploração portuguesa do arquipélago de Cabo Verde, que teve o seu começo por volta de 1456. Inicialmente, a ilha recebeu o nome de São João Baptista em homenagem ao santo cuja festa litúrgica (24 de junho) coincidiu com a descoberta. Esta prática de nomeação era comum entre os portugueses durante a sua era de exploração e colonização, frequentemente associando novos territórios a datas ou figuras religiosas significativas. Posteriormente, a ilha foi renomeada para Brava, um termo português que significa "selvagem" ou "corajosa", possivelmente em referência ao seu terreno acidentado e à sua densa vegetação. Esta mudança de nome reflete uma transição de uma designação de inspiração religiosa para uma baseada nas características físicas da ilha. O nome inicial de cariz religioso demonstra a forte influência do catolicismo desde o início do envolvimento português com a ilha. A posterior mudança para um nome secular como Brava poderá indicar uma compreensão e caracterização crescentes da ilha com base nos seus atributos físicos pelos colonos. Os exploradores e colonos portugueses operavam dentro de uma visão de mundo profundamente interligada com o catolicismo. Nomear novas terras em homenagem a santos era uma forma de as reivindicar sob uma estrutura cristã e invocar o favor divino. A subsequente mudança para um nome secular como Brava provavelmente reflete as realidades práticas do povoamento e as características percebidas da ilha pelos seus habitantes.
O povoamento da ilha sofreu um atraso, com a primeira chegada registada de colonos a ocorrer apenas em 1573, liderada pelo comandante Martinho Pereira. Este povoamento inicial foi relativamente pequeno. Uma vaga mais significativa de povoamento ocorreu durante o século XVII, atingindo o seu auge por volta de 1680. Este aumento substancial da população foi em grande parte impulsionado por refugiados que fugiam da devastadora erupção vulcânica do Monte Fogo na vizinha ilha do Fogo em 1680, que cobriu grande parte desta ilha com cinzas, tornando-a inabitável para muitos. Estes colonos eram originários principalmente da Madeira e dos Açores, com a chegada a ter início por volta de 1620 e a continuar com o fluxo do Fogo. A ligação madeirense é particularmente importante para compreender as potenciais influências religiosas. O afirma explicitamente que a população original da Brava era maioritariamente europeia e proveniente da Madeira, Minho e Algarve. Os frequentes ataques de piratas durante os séculos XVII e XVIII obrigaram a crescente população a deslocar-se para o interior da ilha em busca de segurança, levando à fundação da vila de Nova Sintra por volta de 1700. A significativa presença madeirense desde as fases iniciais do povoamento sugere uma forte probabilidade de que costumes religiosos, incluindo a veneração de santos específicos e devoções marianas populares na Madeira, tenham sido transplantados para a Brava. Os padrões de povoamento tardios e influenciados pela geografia provavelmente desempenharam um papel no eventual estabelecimento de comunidades e centros religiosos distintos em toda a ilha. Os colonos tendem a recriar aspetos familiares da sua terra natal no seu novo ambiente, incluindo as suas práticas religiosas. A migração em grande escala da Madeira, uma região com uma forte tradição católica e devoções marianas específicas, teria naturalmente levado à introdução e propagação destes elementos religiosos na Brava. A necessidade de povoamentos no interior devido às ameaças de piratas também poderá ter contribuído para o desenvolvimento de pontos focais religiosos longe das áreas costeiras iniciais de desembarque.
O catolicismo foi a religião dominante trazida para as ilhas de Cabo Verde pelos colonizadores portugueses, começando pouco depois da sua chegada em meados do século XV. A Coroa Portuguesa promoveu ativamente a disseminação do cristianismo nos seus territórios ultramarinos como parte do seu projeto imperial. Os esforços iniciais e contínuos de várias ordens católicas na evangelização do arquipélago incluíram os Franciscanos, que estiveram entre os primeiros a ministrar nas ilhas, seguidos pelos Jesuítas e Frades Capuchinhos. Estas ordens desempenharam um papel crucial no estabelecimento de igrejas e na assistência às necessidades espirituais tanto dos colonos europeus como da população africana escravizada trazida para as ilhas. A criação da Diocese de Santiago de Cabo Verde pelo Papa Clemente VII em 1533 foi um momento crucial. Inicialmente, esta diocese tinha uma vasta jurisdição, abrangendo não só as ilhas de Cabo Verde, mas também partes da costa da África Ocidental. A criação da diocese marcou uma formalização da presença e da estrutura administrativa da Igreja Católica na região. O estabelecimento precoce e abrangente da infraestrutura católica em Cabo Verde, incluindo a diocese e as atividades das ordens missionárias, lançou as bases para o desenvolvimento de freguesias em ilhas individuais como a Brava. A estreita relação entre o estado português e a Igreja Católica garantiu que as instituições religiosas fossem parte integrante da empresa colonial desde o seu início. A colonização portuguesa foi impulsionada por uma combinação de motivos económicos, políticos e religiosos. O estabelecimento da hierarquia da Igreja Católica e o trabalho dos missionários eram vistos como essenciais para o bem-estar espiritual dos colonos, a conversão das populações indígenas (embora não existissem em Cabo Verde aquando da descoberta) e a legitimação geral do domínio português.
Dado que a ilha foi inicialmente denominada São João Baptista, é altamente provável que a primeira freguesia estabelecida na Brava tenha sido dedicada a este santo, refletindo a identidade religiosa inicial associada à descoberta da ilha. Embora a data exata da fundação permaneça incerta nos excertos fornecidos, a sua existência como a principal freguesia no período inicial da história da ilha pode ser inferida. O de "The Creole Genealogist" postula que a freguesia de São João Baptista provavelmente surgiu à medida que o nome da ilha transitou de São João para Brava durante o século XVIII. Isto sugere uma continuidade da dedicação do santo padroeiro, mesmo com a mudança do nome secular da ilha. A disponibilidade de registos vitais (registos de casamento) para a freguesia de São João Baptista a partir de cerca de 1806 fornece evidências tangíveis da sua presença estabelecida no início do século XIX. A dedicação da primeira freguesia a São João Baptista alinha-se diretamente com a denominação inicial da ilha, reforçando a influência religiosa e cultural precoce deste santo em particular na Brava. O posterior surgimento da freguesia de Nossa Senhora do Monte indica uma subsequente mudança ou expansão na paisagem religiosa da ilha. Era uma prática comum nos povoamentos portugueses dedicar a igreja principal e a primeira freguesia ao santo padroeiro da terra, especialmente quando a terra era nomeada em homenagem a esse santo. A continuidade desta dedicação mesmo após a mudança do nome da ilha sugere uma tradição religiosa profundamente enraizada associada a São João Baptista na história inicial da Brava.
Múltiplas fontes confiáveis nos excertos convergem para o ano aproximado de 1826 para o estabelecimento da freguesia de Nossa Senhora do Monte. O excerto de "The Creole Genealogist", com um artigo atualizado pela última vez em 2014, afirma explicitamente que a freguesia foi estabelecida cem anos após 1726, situando a sua fundação por volta de 1826. Da mesma forma, o excerto da Wikipédia, atualizado pela última vez em 2020, também confirma o ano de fundação como 1826. A consistência entre diferentes fontes relativamente à data de fundação de 1826 fornece uma forte indicação da sua precisão. Isto sugere que a administração religiosa formal da ilha se expandiu no início do século XIX para acomodar as necessidades de uma população crescente ou geograficamente dispersa. O estabelecimento de uma segunda freguesia na Brava provavelmente reflete um aumento da população da ilha, potencialmente concentrada em áreas afastadas do povoamento original associado a São João Baptista. Esta expansão da infraestrutura religiosa teria sido necessária para fornecer cuidados pastorais adequados e administrar os sacramentos à crescente comunidade católica.
O indica que Nossa Senhora do Monte se tornou sede de um bispo poucos anos após a sua fundação em 1826. O também apoia isto, afirmando que se tornou sede de um bispo "poucos anos depois". Esta elevação, mesmo que temporária ou por um período específico, sublinha a crescente importância religiosa desta localização na ilha. No entanto, isto precisa de ser conciliado com a informação nos e que afirmam que a Brava foi sede do bispado e do governo em 1800, antecedendo a fundação da freguesia. Esta discrepância requer uma consideração cuidadosa no relatório final, sugerindo potencialmente dois períodos diferentes em que a Brava deteve esta distinção ou uma imprecisão num conjunto de fontes. O complica ainda mais isto ao mencionar meados do século XIX como o período em que a Brava foi sede provisória do Bispado e do Governo. Em 1862, Nossa Senhora do Monte consolidou ainda mais a sua importância religiosa ao tornar-se um local de peregrinação reconhecido. Isto sugere o desenvolvimento de tradições locais, crenças ou possivelmente eventos específicos que atraíram devotos a esta freguesia. A vila de Nossa Senhora do Monte está geograficamente situada no coração da ilha Brava, aninhada entre montanhas. Esta localização central poderá ter contribuído para a sua posterior proeminência. A potencial elevação a sede de bispado, juntamente com o seu posterior estatuto de local de peregrinação, significa que Nossa Senhora do Monte evoluiu para um importante centro religioso na Brava, atraindo tanto fiéis locais como peregrinos de outros lugares. A informação contraditória relativamente à sede do bispado requer uma análise cuidadosa e potencialmente uma investigação mais aprofundada. A seleção de uma freguesia como sede de bispado reflete frequentemente a sua localização estratégica, a dimensão e influência da sua congregação e a presença de infraestruturas adequadas. O surgimento de um local de peregrinação, por outro lado, geralmente deriva da devoção popular, frequentemente ligada a eventos religiosos específicos, relíquias ou alegados milagres associados ao local ou ao seu santo padroeiro.
O de "The Creole Genealogist" fornece um detalhe crucial, observando que, embora a freguesia tenha sido estabelecida por volta de 1826, o edifício da igreja física de Nossa Senhora do Monte só foi concluído depois de 1841. Isto sugere um período em que a freguesia existiu como uma unidade administrativa religiosa antes de ter uma estrutura permanente dedicada. No entanto, o apresenta uma cronologia conflitante, afirmando que o legado da igreja remonta à década de 1860 e que levou 65 anos a construir. Isto colocaria a conclusão da igreja na década de 1920, significativamente depois da data posterior a 1841 sugerida pela outra fonte. Esta discrepância justifica um exame minucioso da fiabilidade das fontes e do potencial de erro no relatório final. Artigos de notícias recentes discutem os esforços de reconstrução em curso na Igreja Católica de Nossa Senhora do Monte, destacando a sua importância duradoura para a comunidade e o envolvimento de emigrantes da Brava na sua preservação. A discrepância na cronologia da construção do edifício da igreja realça os desafios de confiar em registos históricos potencialmente fragmentados. Poderá ser necessária mais investigação para estabelecer definitivamente as datas precisas da construção. Os esforços contínuos para reconstruir a igreja sublinham a sua importância contínua como um símbolo para a comunidade bravense, tanto na ilha como na diáspora. Os registos históricos, especialmente para comunidades insulares mais pequenas, podem por vezes ser incompletos ou conter imprecisões. Os relatos divergentes da construção da igreja poderão resultar de diferentes fases de construção, renovações ou tradições orais que evoluíram ao longo do tempo. A participação ativa da diáspora nos esforços de reconstrução demonstra os fortes laços emocionais e culturais que os emigrantes bravense mantêm com a sua terra natal e as suas instituições religiosas.
O de "The Creole Genealogist" revela um fascinante detalhe histórico: registos de casamento datados de 1808 a 1811 referem-se a "parochial Nossa Senhora do Rosario da ilha Brava", traduzindo-se diretamente como "freguesia de Nossa Senhora do Rosário da ilha Brava". Esta descoberta sugere fortemente a existência de uma freguesia católica dedicada a Nossa Senhora do Rosário na ilha Brava durante o início do século XIX, antecedendo o estabelecimento confirmado de Nossa Senhora do Monte por volta de 1826. O resume esta intrigante descoberta, enfatizando o mistério dado que a Brava contemporânea apenas possui as duas freguesias de São João Baptista e Nossa Senhora do Monte. A falta de conhecimento atual sobre uma freguesia de Nossa Senhora do Rosário entre os locais aumenta este enigma histórico. A existência documentada de uma "parochial Nossa Senhora do Rosario" em registos oficiais do início do século XIX apresenta uma questão histórica significativa sobre a organização religiosa da ilha Brava durante esse período. Desafia a suposição de uma simples transição de São João Baptista para Nossa Senhora do Monte como as únicas freguesias. O termo "parochial" em registos oficiais denota tipicamente uma freguesia reconhecida dentro da estrutura administrativa da Igreja Católica. O uso consistente deste termo para Nossa Senhora do Rosário em registos de casamento durante um período de vários anos implica fortemente a sua existência formal como freguesia na Brava durante esse tempo. Isto levanta questões sobre a sua relação com a posterior freguesia de Nossa Senhora do Monte e o que poderá ter levado ao seu eventual desaparecimento do registo histórico ou à sua renomeação.
O relata uma sugestão de representantes dos Arquivos Nacionais de Cabo Verde de que a "parochial Nossa Senhora do Rosario" poderia ter sido uma comunidade estabelecida por pessoas originárias de uma freguesia com o mesmo nome noutra ilha do arquipélago. Esta hipótese aponta para o papel da migração na formação da paisagem religiosa da Brava, com os colonos a trazerem potencialmente a sua devoção ao santo padroeiro e o nome da sua antiga freguesia para a sua nova casa. O autor de "The Creole Genealogist" observa que, embora existam freguesias com o nome de Nossa Senhora do Monte noutras ilhas cabo-verdianas como São Nicolão e Santo Antão, os seus parentes mais velhos não se lembravam de ter existido alguma vez uma freguesia de Nossa Senhora do Rosário na Brava. Esta falta de tradição oral local poderá sugerir que esta freguesia foi relativamente efémera ou que a sua memória se desvaneceu com o tempo. O também realça este mistério, referindo o período temporal dos registos (cerca de 1808-1811) e sugerindo que esta freguesia de Nossa Senhora do Rosário poderá ter existido entre o período em que a ilha foi renomeada Brava (no século XVIII, depois de ter sido São João) e o estabelecimento de Nossa Senhora do Monte em 1826. Este período sugere um possível período de transição ou uma área geográfica diferente da ilha servida por esta freguesia anterior. A explicação mais plausível para a "parochial Nossa Senhora do Rosario" é que representava uma comunidade ou povoado distinto na Brava, possivelmente fundado por migrantes que trouxeram consigo esta devoção mariana. O seu eventual desaparecimento ou transformação na freguesia de Nossa Senhora do Monte permanece um tema para especulação e investigação futuras. A falta de forte tradição oral sobre esta freguesia poderá indicar a sua existência relativamente breve ou a sua fusão com outras comunidades religiosas ao longo do tempo. A migração tem sido um fator significativo na história demográfica e cultural de Cabo Verde. É concebível que um grupo de colonos com uma devoção particular a Nossa Senhora do Rosário tenha estabelecido a sua própria comunidade religiosa e a tenha nomeado em homenagem ao seu santo padroeiro ou à sua antiga freguesia. O posterior surgimento e proeminência de Nossa Senhora do Monte poderá ter levado à absorção ou renomeação desta freguesia anterior à medida que a paisagem religiosa da ilha evoluiu.
Os excertos da pesquisa fornecem amplas evidências da significativa importância religiosa e cultural de Nossa Senhora do Monte em outras regiões de língua portuguesa, particularmente na Madeira e em Lisboa. Na Madeira, Nossa Senhora do Monte é a padroeira da ilha, com uma grande festa anual a 15 de agosto que atrai milhares de peregrinos e visitantes. A Igreja do Monte no Funchal é um marco histórico e arquitetonicamente significativo, profundamente enraizado na identidade religiosa da ilha. Da mesma forma, Lisboa possui uma Capela de Nossa Senhora do Monte que oferece vistas panorâmicas e possui significado histórico e religioso. Dada as conexões históricas estabelecidas e a significativa migração da Madeira para a Ilha Brava durante o seu povoamento , é altamente provável que a devoção a Nossa Senhora do Monte tenha sido introduzida e ganhado proeminência na Brava através da influência desses colonos madeirenses. Os colonos frequentemente carregam suas tradições religiosas, santos padroeiros e práticas culturais para suas novas casas, e a forte veneração de Nossa Senhora do Monte na Madeira a torna uma candidata provável para o transplante para a Brava. O número substancial de colonos madeirenses na Brava desde o início do século XVII criou um forte elo cultural entre as duas ilhas. É natural supor que esses colonos teriam mantido suas crenças e práticas religiosas, incluindo sua devoção a importantes figuras marianas como Nossa Senhora do Monte, que ocupa um lugar central na vida religiosa madeirense. Essa transferência cultural provavelmente desempenhou um papel fundamental na denominação e estabelecimento da freguesia de Nossa Senhora do Monte na Brava.
O aborda diretamente a potencial origem da devoção a Nossa Senhora do Monte na Brava, citando um Frei Matias Silva que sugere que provavelmente veio da ilha da Madeira em Portugal. Ele aponta para o significativo componente de pessoas da Madeira na história da Brava e observa que a fundação da freguesia no século XIX (por volta de 1826) coincidiu com um período de forte influência madeirense. O mesmo excerto também esclarece uma distinção importante, enfatizando que Nossa Senhora do Monte é um título mariano diferente de Nossa Senhora do Carmo. Esse esclarecimento é crucial para uma interpretação histórica precisa. O reconhecimento por uma figura religiosa local na Brava da provável origem madeirense da devoção a Nossa Senhora do Monte fornece um forte apoio a essa hipótese. Reforça a ideia de que a troca cultural e religiosa entre a Madeira e a Brava desempenhou um papel significativo na formação da paisagem religiosa desta última. O esclarecimento sobre Nossa Senhora do Carmo é importante para evitar interpretações errôneas da dedicação da freguesia. As tradições orais e as percepções das autoridades religiosas locais podem frequentemente fornecer perspectivas valiosas sobre o desenvolvimento histórico das práticas religiosas dentro de uma comunidade. A observação do frade, baseada nos laços demográficos históricos entre a Madeira e a Brava, fortalece o argumento de que o nome e talvez o impulso inicial para o estabelecimento da freguesia de Nossa Senhora do Monte se originaram das tradições religiosas dos colonos madeirenses.
Como mencionado anteriormente, Nossa Senhora do Monte alcançou o estatuto de local de peregrinação em 1862. Este desenvolvimento assinala uma crescente veneração local e potencialmente regional de Nossa Senhora do Monte na Brava. As razões para esta emergência como destino de peregrinação não são explicitamente detalhadas nos excertos fornecidos, mas poderão estar ligadas a alegados milagres, eventos religiosos específicos ocorridos no local ou à crescente reputação da igreja como um lugar de significado espiritual. A evolução de Nossa Senhora do Monte para um local de peregrinação indica a sua crescente importância religiosa e o seu papel na atração de devotos para além dos limites imediatos da freguesia. Isto sugere o desenvolvimento de uma forte tradição de fé local centrada nesta devoção mariana. Os locais de peregrinação tornam-se frequentemente centros importantes da vida religiosa, fomentando um sentimento de comunidade entre os peregrinos e contribuindo para a economia e a identidade cultural locais. Mais investigação sobre os eventos ou crenças específicas que levaram Nossa Senhora do Monte a tornar-se um local de peregrinação poderia fornecer informações mais profundas sobre a história religiosa da Brava.
Os e oferecem vislumbres da história mais recente de Nossa Senhora do Monte, retratando-o como um local que outrora serviu como um importante centro comunitário com vários serviços essenciais, incluindo correios, bancos, comércio, uma agência municipal, policiamento e um posto de saúde. Estes relatos evocam um sentimento de nostalgia por uma "idade de ouro" percebida, realçando o papel central que Nossa Senhora do Monte desempenhou na vida social, económica e administrativa dos seus residentes. Embora estes excertos se concentrem principalmente num período posterior, sugerem que a freguesia, com a sua igreja, teria provavelmente estado no coração desta vida comunitária, servindo não só como um local de culto, mas também como um ponto focal para a interação social e a identidade comunitária. A presença histórica de diversos serviços comunitários em Nossa Senhora do Monte sublinha a interconexão das instituições religiosas com o tecido social mais amplo das comunidades insulares. A freguesia provavelmente desempenhou um papel vital na formação da identidade da comunidade e no fornecimento de um sentimento de estabilidade e pertença. Historicamente, as igrejas e freguesias serviram frequentemente como pontos centrais de organização para as comunidades, especialmente em ambientes menores e mais isolados. Forneciam não só orientação espiritual, mas também um local para reuniões sociais, eventos comunitários e, por vezes, até desempenhavam um papel na governação e no bem-estar locais. A memória de Nossa Senhora do Monte como um lugar com uma vasta gama de serviços sugere a sua importância histórica como um centro chave para a população da ilha.
Em suma, a freguesia de Nossa Senhora do Monte na ilha Brava surgiu por volta de 1826, provavelmente sob a influência dos colonos da Madeira que trouxeram consigo a veneração de Nossa Senhora do Monte. Permanece um enigma histórico a existência anterior da "parochial Nossa Senhora do Rosario da ilha Brava", mencionada em registos de 1808-1811, sugerindo a possível influência de uma comunidade migrante. Mais investigação é necessária para compreender plenamente a história e o destino desta freguesia anterior e a sua potencial relação com Nossa Senhora do Monte. Em conclusão, a freguesia de Nossa Senhora do Monte possui um significado religioso e comunitário duradouro na ilha Brava, como evidenciado pelo seu posterior estatuto de local de peregrinação e pelo seu papel histórico como um centro fundamental para a comunidade circundante. Os esforços contínuos para preservar o edifício da sua igreja atestam ainda mais a sua importância duradoura nos corações do povo bravense.
Tabela 1: Cronologia dos Principais Eventos na História da Freguesia de Nossa Senhora do Monte e no Desenvolvimento Religioso da Ilha Brava
Ano/Período |
Evento |
1462 |
Descoberta da ilha Brava, inicialmente denominada São João Baptista. |
1573 |
Chegada dos primeiros colonos. |
Cerca de 1620 |
Chegada de colonos principalmente da Madeira e dos Açores. |
Cerca de 1680 |
Aumento significativo da população devido à erupção vulcânica no Fogo. |
Cerca de 1700 |
Fundação de Nova Sintra no interior da ilha. |
Cerca do século XVIII |
Provável estabelecimento da freguesia de São João Baptista, refletindo o nome inicial da ilha. |
1800 |
Brava serve brevemente como sede do bispado e do governo de Cabo Verde. |
1808-1811 |
Registos de casamento mencionam a "parochial Nossa Senhora do Rosario da ilha Brava", indicando uma possível freguesia anterior. |
Cerca de 1826 |
Estabelecimento formal da freguesia de Nossa Senhora do Monte. |
Depois de 1841 |
Conclusão do edifício da igreja de Nossa Senhora do Monte (data aproximada). |
1862 |
Nossa Senhora do Monte torna-se um local de peregrinação reconhecido. |