A Brava só tem o que merece - Raul Spinola
Cidade de Nova Sintra, 21 de Julho de 2025 (Bravanews) - Alguns anos depois de ter trocado Ilha Brava pelos Estados Unidos da America, o emigrante e influenciador Raul Spinola manifesta um profundo desânimo com a realidade da ilha, afirmando categoricamente que "A Brava só tem o que merece. ninguém se importa com a Brava. Nem os Bravenses, nem os eleitos localmente e nem o governo tem a ilha em linha de conta." Esta declaração, proferida nas redes sociais, com um tom de resignação, ecoa o sentimento de frustração de muitos que sonharam com o desenvolvimento da ilha e que hoje veem um cenário de estagnação.

Raul Spinola, conhecido por partilhar o seu dia a dia e preocupação com a ilha Brava nas redes sociais, sempre esteve num espírito de optimismo e esperança de contribuir para o progresso da ilha. A sua jornada, acompanhada por centenas de seguidores, mostrava inicialmente que com apoio de todos seria possível melhorar a realidade da ilha Brava. No entanto, ao longo dos anos, as suas publicações começaram a revelar uma crescente preocupação com a falta de infraestruturas, a escassez de oportunidades e a aparente indiferença das autoridades e da própria população em relação ao futuro da Brava.
A desilusão de Spinola é palpável quando ele aponta o dedo a todos os intervenientes: os próprios bravenses, que ele acusa de apatia; os eleitos locais, que, segundo ele, não cumprem as promessas; e o governo central, que parece ter esquecido a ilha mais pequena e, para muitos, mais esquecida de Cabo Verde. Esta crítica generalizada sugere uma visão de abandono que se estende por todos os níveis de responsabilidade.
A ilha Brava enfrenta desafios persistentes que contribuem para o cenário de estagnação. A falta de um porto seguro e de ligações marítimas regulares e eficientes continua a ser um entrave crucial ao desenvolvimento económico e social. O transporte de bens e pessoas é dificultado, encarecendo a vida na ilha e desestimulando o investimento. A precariedade dos serviços básicos, como o abastecimento de água e energia, também é uma queixa constante dos moradores.
Para além das infraestruturas, a Brava luta com a escassez de oportunidades de emprego, especialmente para os jovens. A economia local, predominantemente assente na agricultura de subsistência e num turismo incipiente, não consegue absorver a mão de obra, levando muitos bravenses a emigrar em busca de uma vida melhor. Este ciclo vicioso contribui para o despovoamento e para a perda de vitalidade da ilha.
A voz de Raul Spinola, como influenciador digital, adquire um peso significativo ao expressar essas críticas. A sua plataforma permite que as suas preocupações cheguem a um público vasto, tanto em Cabo Verde como na diáspora, dando visibilidade a problemas que muitas vezes ficam à margem da atenção mediática. O desabafo de Spinola não é apenas um lamento pessoal; é um eco do sentimento de frustração de muitos que investiram na Brava, seja com o seu tempo, o seu dinheiro ou as suas esperanças.
A sua declaração "A Brava só tem o que merece", embora dura, pode ser interpretada como um apelo à ação, um grito de alerta para que haja uma mudança de atitude por parte de todos os envolvidos. O futuro da ilha Brava, como Spinola parece sugerir, dependerá de um esforço conjunto e de um compromisso genuíno com o seu desenvolvimento, em vez de uma contínua indiferença que a condena à estagnação.