Lusofonia: Daniel Medina propõe criação de prémio literário e observatório da literatura no encontro de escritores
O presidente da Academia Cabo-verdiana de Letras (ACL), Daniel Medina, defendeu hoje, na Praia, a criação de um prémio literário e de um observatório da literatura lusófonos para valorizar a produção em português e fortalecer redes entre autores.

“Um observatório lusófono da literatura, que cartografe as nossas vozes e as dê a conhecer ao mundo. Um prémio literário lusófono, que celebra a beleza e a coragem da criação em português. A digitalização dos nossos arquivos literários, para que a memória se torne presença viva, e a aproximação entre academias, escolas e universidades, para que a literatura continue a ensinar-nos, a pensar e a sentir”, explicou.
Daniel Medina, que falava na abertura do 13.º Encontro de Escritores de Língua Portuguesa, evento que este ano reflecte sobre os 50 anos de independência, literatura e inteligência artificial, afirmou que estas propostas representam “sonhos futuros” que só ganharão corpo “com uma vontade comum, firme e solidária”.
Reconheceu que a literatura enfrenta desafios, como a globalização digital, a dispersão dos leitores e o domínio de outras línguas. Contudo, afiançou que encontros como este “reafirmam a palavra como resistência, como abrigo e como criação”.
Por outro lado, defendeu a necessidade de fortalecer as redes literárias lusófonas, incentivar a tradução recíproca, promover residências criativas e inspirar novos leitores, sobretudo os mais jovens, de forma a manter viva a chama da palavra.
Na sua intervenção, o presidente da ACL afirmou que o encontro é “um farol de ideias e de afectos” que celebra o poder da língua comum e reforça o diálogo cultural entre os países lusófonos, evocando os 50 anos de independência, a literatura e os desafios da inteligência artificial.
Sublinhou ainda que a língua portuguesa atravessa oceanos e séculos, une margens distantes e transforma o mar num espelho de raízes e sonhos partilhados, enaltecendo o contributo dos escritores presentes, “vozes que dão corpo à língua, que a reinventam e fazem pulsar o coração da lusofonia”.
Daniel Medina alertou para as transformações do mundo actual, susntentando que se está a viver num tempo de vertigens.
“As fronteiras da leitura e da escrita expandem-se. A tecnologia molda novas formas de expressão e o mundo parece correr mais depressa do que o silêncio das páginas”, reforçou.
Inforpress/Fim