Cabo Verde Inter-ilhas juntas com o actual Governo de Ulisses Correia e Silva foi o maior fracasso desta década e a ilha Brava foi a mais afectada - Andy Andrade
Brava, 8 de Novembro de 2025 — A pacata ilha da Brava volta a ser palco de revolta e frustração popular. O isolamento marítimo que há dias assola a ilha motivou duras críticas de vários bravenses, entre os quais Andy Andrade, emigrante reformado, empresário e fundador da extinta empresa de transporte marítimo Cabo Verde Fast Ferry.
Visivelmente indignado, Andy Andrade não esconde o seu descontentamento perante mais um colapso no sistema de transporte que liga Brava ao resto do país. “Brava está isolada e abandonada de novo”, desabafou, referindo-se à situação que tem deixado prateleiras vazias, passageiros retidos e famílias em desespero. “Junho, Agosto e agora Novembro. Três vezes num só ano! Isso é uma vergonha nacional.”
O empresário, que há anos tem denunciado a falta de visão e de planeamento na gestão marítima de Cabo Verde, considera que o atual modelo de transporte, gerido pela Cabo Verde Interilhas (CVI), foi “o maior fracasso desta década”. Segundo ele, “a promessa de integração e melhoria da mobilidade entre as ilhas transformou-se numa autêntica tragédia logística”, com consequências desastrosas para a economia e a vida dos bravenses.
Andy Andrade recorda que quando criou a Cabo Verde Fast Ferry, a intenção era precisamente evitar situações como as que agora se repetem. “Tínhamos uma frota capaz, moderna e adaptada à realidade das ilhas. Faltou vontade política, e sobrou incompetência. Hoje, a Brava sofre as consequências dessa má gestão”, sublinhou.
Nos últimos meses, o descontentamento tem crescido entre os residentes da ilha. Muitos afirmam sentir-se esquecidos, rejeitados e ignorados pelas autoridades nacionais. Com a interrupção das ligações marítimas, há relatos de desabastecimento de produtos alimentares, dificuldades no transporte de doentes e até emigrantes que veem as suas férias prolongadas à força, correndo o risco de perder os seus empregos no estrangeiro.
Andy Andrade alerta ainda para a falta de responsabilização: “Ninguém assume nada. Governo e CV Interilhas jogam o jogo do empurra, enquanto a população sofre. A Brava não pode continuar a ser a ilha do esquecimento.”
O ex-empresário, hoje residente na Brava, apela à união dos bravenses e à intervenção urgente das autoridades centrais. “Não é só um problema de barcos. É um problema de respeito. O povo da Brava merece dignidade, merece transporte regular, merece ser tratado como parte de Cabo Verde.”
Com o silêncio das autoridades e a ausência de soluções concretas, cresce o sentimento de abandono. Para muitos, as palavras de Andy Andrade ecoam o que há muito tempo os bravenses sentem: que a ilha mais pequena e mais esquecida do arquipélago continua a pagar o preço da má governação e da falta de compromisso com a coesão nacional.
















