A verdadeira revolução seria ver os jornalistas da RTC pegarem nas câmaras, desligarem os microfones públicos e fundarem o seu
próprio canal privado. Aí sim, poderíamos aplaudir: fariam jornalismo de acordo com as suas vontades e ideologias, e não sob a capa de um “serviço público” que, cada vez mais, serve a agenda de meia dúzia.
Mas não. Preferem permanecer na casa do Estado, pagos por todos nós, a reivindicar o direito de atacar quem lhes paga o salário. É o paradoxo perfeito: a liberdade financiada pelo contribuinte.
O caso da diretora suspensa da TCV é mais um episódio da novela “Sou jornalista até quando me convém”. No momento em que se aceita ser diretora, deixa-se de ser apenas jornalista. Passa-se a ser gestora pública, com deveres administrativos e responsabilidades que não se escondem atrás da liberdade de imprensa. A disciplina não é censura, é gestão.
Vamos ser honestos e pragmáticos: a RTC é uma empresa pública, não um sindicato ideológico. Alimenta-se do orçamento do Estado, logo, do bolso de todos nós. E nenhum jornalista, diretor ou funcionário deve estar acima da lei, do regulamento ou da ética pública.
Talvez um dia chegue a tal revolução. O dia em que alguns saiam pela porta da frente e criem um canal onde possam finalmente fazer o que quiserem ( porque dizer, publicar, expressar já podem e nunca serão impedidos de faze-lo), mas com o próprio dinheiro. Até lá, continuaremos a assistir à mesma peça, com os mesmos atores, a mesma indignação fingida e o mesmo aplauso previsível.
E quanto ao Presidente da República, sempre pronto a defender “a liberdade” dos outros enquanto ignora o cinismo do seu próprio passado, bastaria ouvir quem viveu o seu mandato para perceber que a coerência é o luxo que ele nunca pôde pagar. Ainda bem que alguns deram a cara e a voz desta vez. A máscara vai caindo.