Cabo Verde entre países sob risco de ação militar dos EUA em proposta antidroga

Cabo Verde foi mencionado em relatórios ligados ao Cartel de Sinaloa e surge como possível alvo indireto de ações militares caso seja aprovada nos EUA uma lei que autoriza o uso da força contra cartéis de droga. Não há acusações formais, mas a proposta é criticada por ser excessivamente ampla.

Sep 25, 2025 - 07:48
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Cabo Verde entre países sob risco de ação militar dos EUA em proposta antidroga

Uma proposta legislativa em circulação nos Estados Unidos, que autoriza o uso da força militar contra cartéis de droga considerados “narco-terroristas”, coloca Cabo Verde como possível alvo indireto de ações militares, por ter sido mencionado em relatórios internacionais sobre as atividades do Cartel de Sinaloa. A informação foi avançada pelo New York Times.

A iniciativa, apresentada pelo congressista republicano Cory Mills, propõe uma nova Authorization for Use of Military Force (AUMF), nos moldes da que foi aprovada após os atentados de 11 de setembro de 2001. A diferença é que, desta vez, a autorização é direcionada ao narcotráfico e não impõe restrições geográficas, podendo abranger mais de 60 países.

Segundo a DEA, o Cartel de Sinaloa atua em pelo menos 47 países. Cabo Verde é citado como alegadamente envolvido nas rotas da organização, embora não existam acusações formais de participação direta do arquipélago no tráfico internacional.

Especialistas alertam que a amplitude do texto legal daria ao presidente norte-americano margem para decidir unilateralmente quem é considerado “narco-terrorista”. A professora Elizabeth Beavers, da Widener University, classificou a proposta como “excessivamente ampla”, podendo justificar operações em países apenas mencionados em relatórios.

Enquanto organizações de direitos humanos, como a Human Rights Watch, já criticaram operações recentes dos EUA no Caribe por resultarem em “execuções extrajudiciais ilegais”, analistas sublinham que, para países como Cabo Verde, a referência nos relatórios representa um risco potencial, não uma ameaça imediata. A eventual intervenção dependeria de provas concretas de ligação às redes de narcotráfico.