Brava: Uma ilha entregue ao Deus dará e um Primeiro Ministro “laissez faire, Laissez passer”

No último terço de 2025, no auge, num período muito importante do ano, a Ilha Brava não esquece o abandono de um Primeiro-Ministro que não comunica, não explica, não demonstra sensibilidade, não visita, “laissez faire, laissez passer” ao governo do transporte marítimo pela CVI - causa do cenário avassalador de uma crise sem precedentes! Vozes controversas inundam as redes sociais em que se mostram a cena crítica de uma Ilha que depende exclusivamente do transporte marítimo para a mobilidade das suas gentes, dos que entram para visitas, turismo e negócios e os que precisam sair para tratamento médico, para trabalho e outras necessidades. O monopólio da CVI e a sua gestão inversa submete a Ilha à corda bamba - a uma situação muito perigosa que pode levar a Brava a uma crise económica e social seríssima, se ela persistir.

Dec 26, 2025 - 14:35
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Brava: Uma ilha entregue ao Deus dará e um Primeiro Ministro “laissez faire, Laissez passer”

O que nos frustra, cria dissabores e remete-nos a uma reflexão séria é nos momentos desses, o Primeiro-Ministro tem a sua agenda repleta de atividades políticas, mas negacionista dos fatos e da realidade, bem na sua frente. As suas agendas políticas pré-elaboradas, mesmo que a Ilha Brava brame, näo o incomoda ou o fará mudar o que considera prioritário: os encontros com representantes, partidários, políticos e a sociedade da Ilha do Fogo. As rotas da CVi devem seguir uma lógica territorial, mas as do PM um protótipo de gabinete!

Convém frisar que a Brava näo espera “esticadinha” no plano de visitas. A Brava esperava que constasse do Plano, pricipalmente agora que foi forçada a esse imblóglio sem solução à vista; a mercê da sua sorte. E abusar da sorte, tarde ou cedo, pode atrair consequências indesejáveis e, até, irreparáveis.

Os danos já são notórios: näo säo só as prateleiras que se esvaziam. São vidas, sonhos, ambições que se esvaem que alguns näo querem enxergar sob o prisma da politiquice medíocre. Preferem narrativas ilusórias às resoluções sensatas; discursos vazios de coesão social, económica e territorial à realidade dos fatos de integridade insular; a teimosia de uma concessão fajuta sob um olhar e visão hipermíope ao potencial descentralizado de políticas de transporte, com menos interferência do Estado e mais incentivo a inciativas privadas.

O recado do povo das ilhas é claro: insistir com a CVI é sentenciar a morte lenta da vitalidade e da dinâmica local e regional; é ofuscar a ténue e frágil luz pela sombra de mentes opacas, sem luz, sem vida e sem empatia.

Os comerciantes se vêem de mãos atadas. A população também. A excassez de produtos essenciais de primeira necessidade pode levar a falência, minar a saúde, aumentar os impatos negativos da má nutrição e até a fome!

Até água engarrafada falta. A própria produção de água pela AguaBrava sofre há tempos míngua. O projeto de dissalinisação sofre contratempos e imprivisibilidade da possível existência de excesso de manganês. Parece contraproducente falarmos de excessos numa Ilha com falta. Infelizmente é assim!

A Ilha Brava, como outras ilhas do País - umas em grau mais acentuado do que as outras - näo sobrevive sem uma eficaz e eficiente conetividade, sobretudo com as ilhas mais próximas. Do ponto de vista económico, as matérias-primas säo escassas ou, em certos casos, inexistentes para empreendimentos locais sem dependência do exterior. Em matéria de vida social, ela se corroe, näo há intercâmbios. A atividade turística conhece intempéries. A mobilidade täo essencial ao bem-estar fica fragilizada. O tempo não pára, mas os compromissos säo interrompidos, adiados, vezes sem conta! O medo impera!

O PM faz o seu plano, cria sua estratégia que só ele  e seus apoiadores entendem. Näo há auscultaçäo da sociedade. Tem uma política reacionária: a Regiäo Fogo-Brava decide por dar seus passos no transporte marítimo e PM reage anunciando um barco para Brava-Fogo, ao invés de parceria estratégica. Luta por protagonismo, beirando o egocentrismo, os governantes perdem-se no seu próprio umbigo da vergonha de promessas intempestivas e vazias, acreditando-se dominar o eleitorado com a retórica da resilência de um povo.

E o velho ditado: “antes tarde do que nunca” parece justificar o tempo perdido ou o verso eclesiástico que enfatiza que “há tempo para tudo debaixo deste sol” que para o político o último dia ainda é o mandato.

E VAI SE ADIANDO O INADIÁVEL!

Até quando?

Samuel Santiago