Brava: Realização do Regional de Futebol entre um optimismo cauteloso e o sentimento de descaso, desânimo e resignação

A possibilidade de mais uma época desportiva nula paira sobre a Brava, apesar dos esforços da Associação Regional de Futebol e da confirmação de que um número reduzido de clubes manifesta intenção de competir.

Em declarações à nossa reportagem, o Presidente da Associação Regional de Futebol da Brava, Samuel Varela, demonstrou um optimismo prudente, indicando que as conversações com os clubes revelaram uma possibilidade de avanço, mesmo que com apenas quatro equipas. "A Federação Cabo-verdiana de Futebol vai prorrogar o prazo, que já é de conhecimento de todos os clubes e vamos reunir na Segunda-Feira, com a presença da Câmara Municipal da Brava, tendo na agenda a retoma do campeonato e das provas," avançou Varela, sinalizando uma tentativa de reverter o cenário de inação.

Fontes próximas da Câmara Municipal da Brava, embora não tenham avançado com detalhes sobre o apoio institucional, confirmaram saber através da ARFB que o processo de inscrição está a decorrer com a participação de quatro clubes: Nô Pintcha, Morabeza, Académica e Benfica. Este número, contudo, reflete a fragilidade do futebol regional.

Uma dessas fontes, demonstrando alguma insatisfação com a gestão do calendário a nível nacional, criticou a postura da entidade federativa: "Quanto ao prazo, a FCF tem estado a prorrogá-lo todos os anos, como forma de facilitar a vida daqueles que não se organizam. Não estou de acordo com esta atitude que se assemelha ao desleixo."

A mesma fonte reconheceu a dificuldade do contexto local, especialmente após a paragem do ano anterior, sublinhando o empenho na superação dos obstáculos: "No nosso caso, não tivemos provas no ano passado, o esforço para a retoma não é fácil, mas está-se a trabalhar neste sentido."

A não realização de competições na época desportiva anterior deixou marcas profundas, afetando a motivação dos jogadores, a estrutura dos clubes e a dinâmica desportiva da ilha. A repetição deste cenário é o grande temor da comunidade bravense.

Apesar das notícias sobre a possível retoma, o silêncio de alguns clubes contactados até ao fecho desta peça é notório e contribui para o clima de incerteza. Fontes junto ao Nô Pintcha e Morabeza garantiram a participação. A ausência de pronunciamento por parte dos outros dois clubes citados levanta questões sobre o seu grau de preparação, organização e, principalmente, sobre a sua capacidade financeira para arcar com os custos de uma época desportiva.

Todos os olhares estão agora postos na reunião da próxima segunda-feira, onde a Associação Regional de Futebol, os clubes e a Câmara Municipal da Brava tentarão encontrar um consenso e as soluções necessárias para garantir o pontapé de saída do campeonato. O destino do futebol da Brava pende entre a vontade de quatro clubes de manter a chama acesa e o risco real de se assistir a mais um ano de campo vazio, aprofundando o sentimento de desânimo e resignação na ilha.