Maioria dos Angolanos e Cabo-Verdianos Defende que Portugal Deve Pedir Desculpas e Devolver Artefactos Coloniais

Uma nova sondagem revela que a maioria dos cidadãos de Angola e Cabo Verde acredita que Portugal deve pedir desculpas pelo seu passado colonial e devolver artefactos retirados durante esse período. Apesar de parte significativa dos portugueses apoiar a devolução, a maioria rejeita o pedido de desculpas.

Jul 8, 2025 - 10:29
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Maioria dos Angolanos e Cabo-Verdianos Defende que Portugal Deve Pedir Desculpas e Devolver Artefactos Coloniais

Um estudo conduzido pela Universidade Católica de Lisboa, em parceria com a RTP e a Comissão dos 50 anos do 25 de Abril, revelou que 58% dos angolanos e 63% dos cabo-verdianos acreditam que Portugal deve devolver artefactos culturais retirados durante o período colonial, como máscaras, esculturas e objetos rituais.

A sondagem abrangeu mais de 3.000 pessoas em Angola, Cabo Verde e Portugal. Além da devolução de bens, a questão do pedido de desculpas também gerou opiniões fortes: 59% dos angolanos e 58% dos cabo-verdianos acreditam que Portugal deve pedir desculpas pelo seu passado colonial. Já em Portugal, 58% dos inquiridos rejeitam essa ideia, embora 54% concordem com a devolução dos artefactos.

O passado colonial português, que se estendeu por Angola, Cabo Verde, Moçambique, Brasil, Timor-Leste e partes da Índia, continua a ser um tema sensível. Entre os séculos XV e XIX, estima-se que quase seis milhões de africanos foram escravizados e transportados por navios portugueses, principalmente para o Brasil. Ainda hoje, pouco se ensina sobre esse capítulo nos currículos escolares portugueses.

Quanto à presença de monumentos coloniais, a maioria dos entrevistados não defende sua remoção: 58% em Angola, 83% em Cabo Verde e 78% em Portugal preferem que permaneçam. No entanto, 58% dos portugueses disseram que Portugal deveria construir um memorial dedicado às vítimas da escravidão transatlântica.

Um projeto de memorial às vítimas da escravatura em Lisboa, há muito prometido, enfrenta resistência política e controvérsias, especialmente num contexto em que crescem os apelos internacionais por reparações e reconhecimento histórico — inclusive por parte da União Africana.

O partido de extrema-direita Chega, que se tornou a principal força de oposição em Portugal nas últimas eleições, tem se posicionado contra a devolução de artefactos e pagamento de qualquer tipo de reparações.