Cabo Verde prevê menos chuva em 2025 e alerta agricultores para se prepararem para possível seca

Cabo Verde prevê menos chuva em 2025 do que em 2024, com risco de estiagem prolongada. O INMG alerta agricultores a tomarem precauções e o Governo aposta em dessalinização e reaproveitamento de águas para mitigar os efeitos da seca.

Jul 11, 2025 - 06:34
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Cabo Verde prevê menos chuva em 2025 e alerta agricultores para se prepararem para possível seca

O Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica (INMG) de Cabo Verde anunciou esta semana que as chuvas em 2025 deverão ser inferiores às registadas em 2024, lançando um alerta às famílias que dependem da agricultura de sequeiro para que tomem medidas de precaução face a um cenário de escassez de pluviosidade.

Em conferência de imprensa realizada na cidade da Praia, a administradora executiva do INMG, Denise de Pina, informou que a previsão sazonal aponta para uma probabilidade “deficitária” nas chuvas deste ano. Entre julho e setembro, período que corresponde à principal campanha agrícola no país, estima-se uma média de 244 milímetros de precipitação, com longos períodos de estiagem no início e no final da época.

“A situação é preocupante”, afirmou De Pina, sublinhando que, apesar dos avanços em sistemas de rega em algumas zonas, a maioria da agricultura cabo-verdiana ainda depende diretamente da água da chuva. “As famílias precisam ter acesso a esta informação, porque investem, compram sementes e contratam mão-de-obra. Se a previsão não é favorável, têm de saber se vale a pena avançar ou não”, acrescentou.

Como estratégias de mitigação, o INMG aconselha os agricultores a diversificarem os tipos de culturas, apostando tanto em plantas de ciclo curto quanto de ciclo longo, ou alternando variedades, como forma de garantir algum rendimento, mesmo em condições adversas.

Além da baixa pluviosidade, o país pode enfrentar fenómenos extremos com ventos acima da média, incluindo tempestades tropicais, chuvas intensas, ventos fortes e mar agitado, que poderão atingir o arquipélago com intensidades variáveis ao longo da estação.

Para lidar com os desafios crescentes da escassez hídrica, o Governo de Cabo Verde está a reforçar medidas estruturais. Entre as ações em curso estão a instalação de duas unidades de dessalinização, fruto de um acordo com a Hungria no valor de 35 milhões de euros, e a reutilização segura de águas residuais tratadas para fins agrícolas e ambientais.

As autoridades intensificaram também o controlo da qualidade e quantidade da água extraída de poços e furos, alertando para o risco de sobre-exploração dos lençóis freáticos, sobretudo em anos de seca.

As previsões meteorológicas serão atualizadas mensalmente até ao final da época das chuvas, permitindo ajustes nas estratégias agrícolas e nas políticas públicas de gestão da água.