Brava cobra posicionamento dos deputados eleitos pelo círculo da ilha face ao isolamento que continua a afetar a população

Cidade de Nova Sintra, 10 de Novembro de 2025 (Bravanews) - A paciência dos bravenses parece estar a chegar ao limite. A população da ilha Brava, mergulhada novamente numa situação de isolamento marítimo, começa a exigir respostas concretas e uma postura firme por parte dos seus representantes no Parlamento — a deputada Fernanda Burgo e o deputado Clóvis Silva, ambos eleitos pelo círculo eleitoral da Brava.

Nov 10, 2025 - 16:43
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Brava cobra posicionamento dos deputados eleitos pelo círculo da ilha face ao isolamento que continua a afetar a população

Nos últimos dias, a Bravanews recolheu diversos testemunhos de residentes e emigrantes indignados com o silêncio e a aparente inação dos parlamentares bravenses face à atual crise de transportes que continua a penalizar a ilha. O navio Kriola encontrava-se fora de operação durante uma semana e nao se ouviu nada dos “representantes do povo”.

“Queremos ouvir a nossa deputada e o nosso deputado. Eles foram eleitos para defender a Brava, e é nestes momentos que precisamos da sua voz no Parlamento”, desabafa um morador de Nova Sintra. “Quando for tempo de campanha, eles aparecem com sorrisos e promessas. Agora que o povo sofre, ficam calados.”

Outros cidadãos expressaram a mesma frustração nas redes sociais, onde o tema “Brava isolada e esquecida” voltou a ganhar destaque. Um comentário bastante partilhado dizia: “Estamos à espera deles. Que venham à Brava durante a campanha para sentirem o que é viver isolado, sem barco, sem mercadorias e sem respeito.”

A ausência de um posicionamento público de Fernanda Burgo e Clóvis Silva — ambos eleitos pelo círculo eleitoral da Brava, a primeira pelo MpD (Movimento para a Democracia)  e o segundo pelo PAICV (Partido Africano da Independência de Cabo Verde) — está a ser interpretada por muitos como uma forma de conivência com o Governo e com a empresa Cabo Verde Interilhas (CVI), responsável pelas ligações marítimas. Vários bravenses acusam os seus deputados de falta de coragem política e de distanciamento em relação aos reais problemas da ilha.

“Não basta publicar fotos no Parlamento. Precisamos que defendam o povo bravense com firmeza e exijam soluções concretas”, afirma uma professora reformada, que teme pela escassez de bens essenciais caso a situação se prolongue. “Esta ilha não pode continuar a ser tratada como um apêndice de Fogo. Somos uma ilha com dignidade e precisamos de representantes que nos respeitem.”

Enquanto isso, comerciantes locais alertam para as consequências económicas do isolamento: prateleiras vazias, aumento de preços e dificuldades no abastecimento de produtos básicos. Há também relatos de cancelamento de consultas médicas e de emigrantes retidos, incapazes de regressar aos Estados Unidos ou à Europa dentro do prazo previsto.

Nas conversas de rua e nas redes sociais, um sentimento comum prevalece: o povo bravense sente-se abandonado pelos seus próprios representantes. E muitos garantem que, nas próximas eleições, a memória não será curta. “Estamos a guardar tudo. Quando vierem pedir votos, vamos lembrar-lhes este silêncio. A Brava não esquece”, conclui um residente de Lém.

Enquanto o Governo continua em silêncio e as ligações marítimas seguem irregulares, cresce o apelo para que os deputados bravenses rompam o mutismo e assumam uma posição pública — em defesa da ilha e dos seus habitantes, que vivem dias de angústia, isolamento e descontentamento.