Dia de Sao Joao - Brava em festa

A festa de São João Baptista, celebrado a 24 de Junho e integrado nas Festas Juninas, é uma das principais festas populares nas ilhas de Barlavento - Santo Antão, S. Vicente e S. Nicolau - e na Brava. Nas ilhas de barlavento, a festa tem as mesmas características. Na Brava, a festa já possui características distintivas e originais.

Jun 24, 2018 - 07:44
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Dia de Sao Joao - Brava em festa

A festa de São João Baptista, celebrado a 24 de Junho e integrado nas Festas Juninas, é uma das principais festas populares nas ilhas de Barlavento - Santo Antão, S. Vicente e S. Nicolau - e na Brava. Nas ilhas de barlavento, a festa tem as mesmas características. Na Brava, a festa já possui características distintivas e originais.

As festas de S. João são uma espécie de romaria onde há de tudo um pouco: Celebrações Religiosas onde se destaca a Missa do dia 24, precedido da reza das vésperas no dia 23. É também uma rica manifestação cultural, onde sobressai o Kolá pelas coladeiras acompanhada do rufar dos tambores que lhe atribuem uma melodia peculiar e onde normalmente não falta a dança dos cavalos, uma atividade particular do S. João Na Brava. São três dias em que a cultura da Ilha se manifesta. As festas são igualmente acompanhadas de comes, bebes e dança, acompanhada de tambores e de apitos. Os comes e bebes são servidos pelo(s) festeiro(s) na antevéspera das festas ou seja durante o Pilão no dia 22, nas vésperas no dia 23 e que culmina com o grande almoço no dia 24 após a celebração da missa de s. João.

Durante a manhã do dia 24 há o erguer do tradicional mastro em cutelo grande onde são colocados produtos vários desde frutas, verduras, tubérculos, diferentes formas das famosas canastras confeccionadas a base de farinha de trigo, onde a tarde, na hora do bote, são recolhidos por populares numa sadia disputa de quem pode levar maior quantidade de produtos ali colocados.

A anteceder o dia de São João Baptista, coincidindo com a festa pagã do solstício de Junho, há o tradicional saltar da fogueira. Nesta manifestação, um pouco por toda a ilha os populares juntam montes de restos de palhas, lenhas e outros materiais que são acesas fogueiras para serem saltadas por adultos, jovens e crianças.

O Nhô San Djon na Brava, não possui a umbigada característica das ilhas de barlavento. As coladeiras fazem os balanceios do "kolá San Djon" mas apenas (kolan), isto é, cantam ao desafio numa espécie, às vezes, de louvor e outras, fazendo lembrar a (curcutisan) da ilha do Fogo. Os tambores executam toques semelhantes aos das outras ilhas, mas não com a mesma pureza do repicar, ou melhor, das "esporadas". Diferentemente das outras ilhas, na ilha Brava o cavalo dança ao som do tambor enquanto o dono leva a bandeira com a imagem de São João Baptista.

Caracterização da ilha das Flores

A ilha Brava tem cerca de 67km2 e com uma população de quase 6000 habitantes, segundo os últimos dados do censo de 2010. Fica situada no grupo das ilhas de Sotavento, e a poucos kms da ilha vizinha do Fogo. Tem as seguintes coordenadas no globo terrestre: Latitude 14° 49' N e 14° 54' N Longitude 24° 40' W e 24° 44' W. O centro principal é a Vila de Nova Sintra. A ilha da Brava, provavelmente foi descoberta em 1462 por Diogo Gomes e comitiva, inicialmente chamada de São João, mas depois veio ter o seu verdadeiro nome, ou seja, BRAVA.

A ilha Brava ou a ilha das flores, como costuma ser chamada, foi berço do imortal e grande escritor, músico e poeta, Eugénio Tavares, que ficou imortalizado na história da literatura Caboverdiana, da comunidade lusófona, e não só.

Essa ilha foi inicialmente povoada com gentes da Madeira, Algarve, Minho, e provavelmente com outras pessoas, mas agora tem uma população diversificada. Segundo os entendidos na matéria, a ilha Brava é de origem vulcânica, mas com um solo bastante rico e apropriado para agricultura e pecuária.

Por largos anos da sua história, ela sofreu de padecimento de falta de transportes, tanto marítima, como aérea entre as restantes outras ilhas de Cabo Verde, deixando sua população e outros visitantes com certos descontentamentos.

Apesar de ser uma das mais pequenas ilhas de Cabo Verde, Brava é uma ilha histórica, desde o seu povoamento, a época da pesca de baleias pelos Americanos e outras nacionalidades, onde muitos Bravenses aproveitaram para trabalhar e emigrar, enfrentando o desconhecido, tanto nas águas marítimas, como nas terras desconhecidas, mas mesmo assim venceram os obstáculos de diversas ordens, permitindo ou criando comunidades que contribuem constantemente para o desenvolvimento local da ilha.

A comunidade Bravense, tanto em Cabo Verde como na diáspora, está apostada num desenvolvimento progressivo e esperançada de que os esforços até agora demonstrados possam contribuir mais para elevar o nível sócio - econômico das suas gentes e da ilha toda em geral.

Da varanda ou pátio de qualquer casa, pode se ver um deslumbrante panorama ou paisagem, especialmente da tarde ou de manhã cedo, onde o aroma das flores ou das plantações são mesmos saudáveis e beneficamente intoxicantes. Faz trazer à memória, um sentido de satisfação e tranquilidade num ambiente rodeado de gentes pacíficas e amorosas.

Na vertente cultural destaca-se as suas belas mornas, que tem no poeta Eugénio Tavares o seu expoente máximo, mas também as festas juninas e de romaria, onde se destaca as festas de S. João Baptista patrono da Ilha. É a manifestação que atrai, durantes vários dias residentes de todas as localidades, pessoas de outras ilhas e emigrantes que, por estas alturas aproveitam para visitar a Ilha e os familiares e deleitarem-se com o ambiente festivo que só estas festividades proporcionam.

Enquadramento do Projecto S. João Baptista 2018

A preservação e promoção dos principais traços culturais da Ilha constitui uma das bandeiras da família Fonseca que assumiu a responsabilidade de festejar São João 2018.

Esta iniciativa veio na decorrência da necessidade de dar maior  fulgor, vivacidade, o dinamismo e o brilho de outros tempos, resgatando alguma parte da tradição, que a ver deles, está se perdendo.

Pela sua importância para a Ilha, para os visitantes, turistas e emigrantes bravenses que se encontram na diáspora e que anualmente aproveitam esta altura para regressar a Brava, pens-se ser importante trabalhar no sentido da reformatação das tradicionais festas de S. João e ao mesmo tempo dar-lhe o brilho e a dignidade que merece, trabalhando igualmente na transformação destas manifestações culturais e autênticos produtos turísticos e o seu alinhamento para a promoção e desenvolvimento da economia da Ilha.

Pretende-se aproveitar o saber dos mais velhos, no concernente ao Kola e toque de tambores para perpetrar no tempo os traços importantes das tradições juninas e de romaria.

Bom São João a Todos.

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