Fake News - Jose Maria Neves, antigo Primeiro Ministro

Tenho tentado perceber. Cada vez mais acredito que a política é uma guerra estranha e violenta contra um inimigo real ou imaginário. Sem ver a meios, o que interessa mesmo, o que garante a sobrevivência do político, é a destruição do outro. Num meio pequeno como o nosso, a presença do outro perturba o brilho e ameaça aquele que deseja sobreviver, ascender na hierarquia política e social e ter direito exclusivo a palavra.

Feb 15, 2018 - 05:57
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Fake News - Jose Maria Neves, antigo Primeiro Ministro

Tenho tentado perceber. Cada vez mais acredito que a política é uma guerra estranha e violenta contra um inimigo real ou imaginário. Sem ver a meios, o que interessa mesmo, o que garante a sobrevivência do político, é a destruição do outro. Num meio pequeno como o nosso, a presença do outro perturba o brilho e ameaça aquele que deseja sobreviver, ascender na hierarquia política e social e ter direito exclusivo a palavra.

E guerra é guerra! Todos os meios servem, desde que os desideratos sejam plenamente atingidos.

Nos últimos tempos, fake news tem sido, na política, uma arma mortífera.

Os seus autores criam-na sem qualquer pudor e disseminam-na por todos os canais, utilizando os mais sofisticados mecanismos, fazendo crer, por via de intensiva repetição, que é verdade a mentira que deveras contam.

O Governo de Cabo Verde tem dito, por exemplo, que conseguiu o alargamento da Parceria Especial Cabo Verde/União Europeia a mais três pilares. Nada de mais falso. Houve, sim, a assinatura de um Memorandum que, no quadro existente, preconiza o reforço da cooperação, com a inserção de mais áreas de trabalho comum. O acréscimo de mais pilares teria de passar pela Comissão e pelo Parlamento Europeu, num processo longo e complexo de negociações. Mas aqui nas ilhas, o Governo tem vendido o memorandum como algo que não é. Fake news institucional.

Ontem, um conhecido publicista das redes sociais lançou mais uma notícia falsa. Que o Governo Português garante-me segurança e viatura, em Portugal, com o beneplácito do Governo MPD. Tudo falso.

Em primeiro lugar, já há cerca de seis meses que resido em Cabo Verde. Em segundo lugar, durante quase um ano que residi em Lisboa, em nenhum momento tive segurança, garantida por Portugal ou Cabo Verde, ou viatura. Vivi como cidadão comum, deslocando-me em transportes públicos, como podem testemunhar os meus amigos e colegas.

Desde que saí do Governo, sempre considerei que devo levar uma vida de cidadão comum. Disse ao Governo atual, no que se refere à segurança, que deve o Estado garantir-me o que os serviços policiais competentes considerarem necessário. E tenho à minha disposição um sistema mínimo de segurança aqui no país, como aliás foi garantido aos outros ex Chefes do Governo.

Espero que tenha sido por decisão da Polícia Nacional, após avaliar os riscos, que o Dr. Carlos Veiga levou segurança de Cabo Verde para os Estados Unidos, onde agora reside como Embaixador em Washington.

Ainda não consegui entender as razões de mais esse fake news.

Só que, depois disso, temo muito mais pela minha segurança.

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