A Geometria do Desgoverno - A Incoerência de Francisco Tavares, ex-Presidente da Câmara Municipal da Brava, numa aposta na memória curta da população votante.
Em política, tal como na matemática, a coerência deveria ser a regra. As equações precisam de ser equilibradas, as variáveis lógicas e os resultados previsíveis. No entanto, a trajetória política do ex-presidente da Câmara Municipal da Brava, Francisco Tavares, assemelha-se a uma equação caótica, onde a falta de bom senso e a incoerência desafiam qualquer cálculo racional.

(...) A sua "ousadia política", tantas vezes celebrada, pode ser analisada através de um prisma matemático, onde cada promessa é uma variável e cada ação um operador. O problema surge quando a equação final não bate certo.
A gestão de Tavares pode ser vista como uma aplicação distorcida da teoria dos conjuntos. Numa sociedade ideal, o conjunto de cidadãos deve ser o mais abrangente possível, com interseções de interesses que promovam o bem comum. No entanto, o seu governo pareceu focar-se na criação de subconjuntos, ou "guetos" de apoio, isolando aqueles que não se alinhavam com a sua visão. A sua forma de actuar, privilegiando uns em detrimento de outros, resultou numa equação de exclusão, onde o conjunto dos "beneficiados" era sempre menor do que o conjunto dos "esquecidos". Se A é o conjunto dos que apoiavam Tavares e B o conjunto dos que não, o conjunto A ∪ B (a união dos dois) não representava a totalidade dos bravense, porque a sua acção política parecia ignorar o restante do conjunto universal.
Uma promessa política é como uma parábola matemática, com um ponto de partida (o discurso) e um ponto de máximo (a expectativa). O ideal é que essa parábola intercepte o eixo da realidade num ponto concreto, ou seja, que a promessa se cumpra. Na sua governação, assistimos a um festival de parábolas que nunca tocavam o solo. Projetos mirabolantes, investimentos faraónicos e soluções mágicas para problemas complexos foram anunciados, mas o gráfico do progresso real manteve-se plano. A distância entre a curva da promessa e o eixo da realidade era a medida exata da sua incoerência. A "ousadia" não era senão a multiplicação de promessas por zero, resultando sempre em zero.
Um dos aspetos mais desconcertantes da sua gestão foi a inversão de prioridades, que pode ser explicada pelo teorema da inversão de valores. Num sistema lógico, a prioridade máxima (valor 1) deveria ser a melhoria das condições de vida da população. Na sua lógica, esta variável parecia ter um valor próximo de zero, enquanto outras, como a autopromoção e a rivalidade política, ganhavam peso exponencial. A equação final era, portanto:
Resultado Final ∝ Autopromoção / Necessidades da população
Ou seja, quanto mais se investia em imagem e menos nas pessoas, maior era a incoerência. O bom senso, aqui, é a constante que deveria equilibrar a equação, mas foi sistematicamente ignorado, resultando num desequilíbrio flagrante e numa solução que não serve a ninguém.
A isto, somava-se uma convicção perigosa: a de que a memória do povo é um valor que tende para zero. Tavares parecia operar com a suposição de que, com o tempo, as promessas não cumpridas seriam esquecidas, as incoerências perdoadas e os erros apagados. A tentativa do seu regresso à ribalta política será, talvez, a prova de que se baseia numa variável falsa, pois a memória coletiva não se anula. As ações do passado não são esquecidas, são apenas armazenadas, esperando o momento certo para serem usadas como prova da falta de bom senso e da incoerência.
Em suma, a ousadia de Francisco Tavares não será um acto de coragem, mas sim uma aposta arriscada numa equação política sem fundamento. A sua falta de bom senso, matematicamente demonstrada pela distância entre a promessa e a realidade, e a sua incoerência, visível na inversão de prioridades e na crença de que a memória popular é curta, deixaram um legado de desconfiança e frustração. A matemática da política não mente: quando as variáveis são incoerentes e a lógica é invertida, o resultado é, invariavelmente, o desgoverno.