Brava: Impõe-se um novo sistema de recolha de lixo mais eficiente, económico e humano

Cidade de Nova Sintra, 26 de Dezembro de 2025 (Bravanews) - A gestão dos resíduos sólidos urbanos na ilha Brava volta a ganhar centralidade no debate público, quando a edilidade publica nova programação de recolha de lixo. Numa ilha pequena, com recursos financeiros limitados e grandes desafios logísticos, torna-se cada vez mais evidente que o modelo atual de recolha de lixo está esgotado, oneroso e pouco ajustado à realidade local. Perante este cenário, cresce a convicção de que a Brava precisa urgentemente de adotar um novo sistema de recolha de lixo, mais moderno, mais barato e mais ajustado a novos tempos.

Dec 27, 2025 - 15:57
Dec 21, 2025 - 15:58
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Brava: Impõe-se um novo sistema de recolha de lixo mais eficiente, económico e humano
Imagem ilustrativa

Uma das propostas que ganha força é a introdução de contentores pequenos e individualizados por casa, substituindo gradualmente os grandes contentores coletivos espalhados por bairros e zonas residenciais. Este modelo, já aplicado com sucesso em várias ilhas e municípios de pequena dimensão, pode representar uma verdadeira viragem na forma como a Brava lida com os seus resíduos.

O sistema atual obriga os camiões de lixo a percorrer longos trajetos, muitas vezes para recolher quantidades reduzidas de resíduos concentrados em contentores grandes, mal distribuídos e frequentemente sobrecarregados. Isso resulta em maior consumo de combustível, desgaste acelerado dos veículos e custos elevados de manutenção — um peso significativo para o orçamento municipal.

Com contentores pequenos e individualizados, a recolha pode ser mais racional e planeada, com rotas bem definidas, horários e dias fixos e volumes previsíveis. O camião recolhe apenas o necessário, reduzindo viagens desnecessárias e permitindo uma gestão mais inteligente da frota. Na prática, isso traduz-se em menos gastos com combustível, menos avarias e maior vida útil dos veículos.

Outro ponto crítico é a administração dos veículos e da equipa de recolha. Hoje, os trabalhadores enfrentam jornadas desgastantes, recolhendo lixo em condições difíceis, muitas vezes lidando com contentores sobrecarregados, lixo espalhado no chão e reclamações constantes da população.

Um sistema baseado em contentores domésticos permite diminuir o stress físico e psicológico sobre os trabalhadores, pois o volume por recolha é menor, o lixo está melhor acondicionado e o trabalho torna-se mais previsível. Isso melhora as condições laborais, reduz baixas médicas e aumenta a motivação da equipa, refletindo-se diretamente na qualidade do serviço prestado.

A individualização dos contentores também introduz um elemento fundamental: responsabilização dos munícipes. Cada família passa a ter maior consciência da quantidade de lixo que produz, incentivando práticas como a redução de resíduos, a separação básica e até a compostagem doméstica, sempre que possível.

Além disso, desaparecem muitos dos problemas associados aos contentores coletivos, como lixo depositado fora de horas, resíduos espalhados por animais ou pessoas de passagem e conflitos entre vizinhos sobre a limpeza dos espaços comuns.

A Brava, pela sua dimensão e características sociais, não pode copiar cegamente modelos pensados para grandes cidades. Precisa de soluções adaptadas à sua escala, à sua realidade financeira e à sua geografia. Um sistema de recolha mais simples, descentralizado e bem gerido pode ser a chave para transformar um problema crónico num serviço eficiente e sustentável.

Mais do que uma questão ambiental, trata-se de uma questão de gestão pública, de dignidade laboral e de qualidade de vida para os bravenses. Um novo sistema de recolha de lixo não é um luxo: é uma necessidade que se impõe, e quanto mais cedo for pensada e implementada, menores serão os custos — financeiros e sociais — para a ilha.

 

A Brava tem condições para fazer melhor. Falta agora visão estratégica, coragem para mudar e vontade política para colocar soluções simples e eficazes ao serviço da população.