Ilha Brava: Um povo isolado pela precariedade dos transportes marítimos

A situação dos transportes marítimos na ilha Brava é, há muito tempo, uma ferida aberta que insiste em não cicatrizar. O isolamento a que os bravenses têm sido sujeitos, pela instabilidade e insuficiência das ligações marítimas, não é apenas um problema de logística, mas sim é uma violação ao direito básico de mobilidade e um entrave grave ao desenvolvimento da ilha.

Jul 4, 2025 - 15:37
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Ilha Brava: Um povo isolado pela precariedade dos transportes marítimos
Comerciantes vivem com a incerteza de quando e como poderão repor os seus produtos. Muitos minimercados operam no limite, com prateleiras vazias, dependentes da sorte de uma viagem que pode ou não acontecer. Os hoteleiros e donos de pensões, por sua vez, veem cancelamentos frequentes, pois turistas e visitantes desistem diante da insegurança nas ligações marítimas , comprometendo o turismo, uma das poucas fontes de rendimento da ilha, e principalmente agora com a chegada das festas de São João na Ilha a festa mas rígida da ilha.
Mais alarmante ainda é a situação dos cidadãos que precisam se deslocar para tratar de questões de saúde, educação ou assuntos administrativos em outras ilhas. São pessoas que perdem consultas médicas, tratamentos essenciais ou prazos legais, porque simplesmente não conseguem sair ou regressar à Brava com regularidade. Isso não é apenas incômodo: é desumano.
Não se pode continuar a tratar a ilha Brava como uma nota de rodapé no planeamento nacional de transportes. É urgente garantir um serviço marítimo estável, seguro e frequente, que respeite a dignidade do povo bravense e apoie o crescimento económico local.
A solução não passa apenas por promessas ou ações pontuais. Exige compromisso político, investimento sério e, sobretudo, respeito. Respeito por uma população que continua a resistir, apesar do esquecimento a que tem sido sujeita.
A Brava merece mais. Merece dignidade. Merece transporte regular e fiável já.