Bravenses exigem serem tratados como seres humanos diante do colapso do transporte marítimo
Brava, 8 de Novembro de 2025 — Cresce o sentimento de revolta e indignação entre os bravenses, que dizem estar cansados de serem tratados como “cidadãos de segunda categoria”. A falta de transporte marítimo, que já dura vários dias, tem isolado completamente a ilha e deixado a população à beira do desespero.
Em conversa com vários moradores, o desabafo é unânime: sentem-se esquecidos, rejeitados e desprezados pelas autoridades. “Nós também somos gente, também somos cabo-verdianos e merecemos respeito”, afirmou uma residente revoltada, que teme não conseguir viajar para Santiago para tratar de assuntos urgentes.
A ausência de navios e a falta de alternativas seguras estão a criar um cenário de desespero na ilha. As prateleiras começam a esvaziar-se, há escassez de água engarrafada e produtos essenciais, e muitos bravenses veem os seus planos completamente alterados. Emigrantes em férias prolongam involuntariamente a sua estadia, correndo risco de perder empregos no estrangeiro, enquanto consultas médicas e compromissos importantes são adiados sem data à vista.
Os moradores lamentam ainda o “silêncio ensurdecedor” das entidades competentes, que, segundo dizem, “prometem muito em tempo de campanha, mas esquecem a ilha logo depois”. Para muitos, a situação da Brava revela uma ferida antiga: a sensação de abandono histórico e a ausência de políticas eficazes para garantir o direito básico à mobilidade.
“Estamos fartos de promessas. Queremos ser tratados como seres humanos, com dignidade e respeito”, sublinha outro morador.
Enquanto isso, reina a incerteza. Sem uma solução concreta à vista, a ilha Brava continua isolada, mergulhada num sentimento de impotência e revolta — um grito coletivo por justiça e igualdade que ecoa entre as montanhas e o mar que a separa do resto do país.
















