Carlos Lopes: Cabo Verde teve o percurso de crescimento mais consistente após a independência
O economista Carlos Lopes afirmou à Lusa que Cabo Verde apresentou a trajetória de crescimento mais consistente entre os países lusófonos africanos no pós-independência, destacando-se como exemplo de reformas e engenho apesar da escassez de recursos.

Cabo Verde foi o país lusófono africano com a trajetória de crescimento “mais consistente” após a independência, destacou o economista Carlos Lopes em declarações à Lusa. O antigo secretário executivo da Comissão Económica das Nações Unidas para África (UNECA) sublinhou que o arquipélago conseguiu afirmar-se como país reformista e não “rentista”.
“As lutas de libertação alcançaram o seu maior ganho, que foi a independência, mas depois entra-se num período diferente, o da construção de uma realidade económica que corresponda às ambições de um Estado soberano. Nesse percurso, o país que foi mais longe e teve maior consistência foi Cabo Verde”, afirmou Lopes, citado pela Lusa.
Para o académico da Universidade da Cidade do Cabo, o facto de Cabo Verde ter poucos recursos naturais deveria torná-lo mais vulnerável, mas esse paradoxo acabou por estimular engenho e reformas estruturais, apoiadas por uma diáspora ativa.
Na análise aos restantes países africanos de língua portuguesa, Lopes separa os que reformam as suas economias dos que vivem da renda dos recursos. Angola, referiu, mantém-se como uma economia rentista dependente do petróleo, enquanto a Guiné-Bissau assenta na exportação de castanha de caju e na ajuda externa. Moçambique, acrescentou, está “a meio caminho”, com fases de reforma e outras de forte dependência do carvão, alumínio e gás. Já São Tomé e Príncipe “vive ajudado pelas circunstâncias e sem escolhas fáceis”, ao contrário de Cabo Verde, que conseguiu valorizar o pouco potencial que tinha.