Ex-Presidente da CMB Francisco Tavares apela a uma análise profunda e à responsabilidade compartilhada no desenvolvimento da ilha

Cidade de Nova Sintra, 30 de Abril de 2025 (Bravanews) Em declarações recentes nas redes sociais, o ex-presidente da Câmara Municipal da Brava, Francisco Tavares, defendeu a necessidade de uma análise mais aprofundada e abrangente dos desafios enfrentados pela ilha, bem como uma maior partilha de responsabilidades no seu desenvolvimento. Tavares criticou a tendência de culpar unicamente os governos centrais pelos problemas da Brava, argumentando que tal abordagem impede uma compreensão completa da situação e, consequentemente, a implementação de soluções eficazes.

Apr 30, 2025 - 16:24
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Ex-Presidente da CMB Francisco Tavares apela a uma análise profunda e à responsabilidade compartilhada no desenvolvimento da ilha

Para o ex-autarca, a análise dos problemas da Brava deve ser "mais profunda, mais abrangente, multifacetada, multidirecional, multifactor" para além da mera responsabilização dos órgãos centrais do poder. Ele sublinhou que, enquanto a análise se limitar a essa culpabilização, "o resultado será igual".

Tavares recorreu a uma metáfora forte para descrever a situação da Brava, comparando-a a "uma mãe cujos os primeiros a abandoná-la são os próprios filhos e filhas". Esta imagem ilustra o ciclo vicioso que, segundo ele, se instalou na ilha. A saída constante de munícipes leva a um "reset" contínuo em várias áreas, dificultando a criação de condições que incentivem a permanência.

O ex-presidente descreveu este ciclo como um "loop caracterizado por: tenho que abandonar a ilha porque a ilha não tens condições X ou Y ou Z … e as condições X ou Y ou Z não são criadas por não haver quem as concretize ou por não haver gente suficiente que justifique a sua concretização."

Tavares reconheceu a aspiração de todos os bravenses por uma ilha com todas as condições necessárias, mas lamentou a postura de muitos que esperam que "os outros façam pela Brava porque não nos sacrificamos aqui na ilha para fazer acontecer". Segundo ele, perante a primeira oportunidade de uma vida melhor fora da ilha, muitos não hesitam em partir.

Embora reconheça a "quota de responsabilidade" dos governos no que a Brava se tornou, Tavares defendeu uma "autocrítica sobre a responsabilidade individual do que é a Brava hoje, nos aspetos positivos e negativos". Este apelo à reflexão individual visa promover uma maior consciência do papel de cada um no desenvolvimento da ilha.

Apesar do tom crítico, Francisco Tavares reconheceu que "em tudo há excepções à regra". Ele destacou a existência de "muitos filhos desta terra que não a abandona por nada, acredita e faz acontecer".

Em relação a problemas específicos, como a questão dos transportes de e para a Brava, Tavares afirmou que "a Brava tem filhos que se, realmente, desejassem, individualmente ou em grupo, teriam resolvido essa questão há muitos anos". Esta afirmação sugere que a falta de soluções para alguns dos problemas da ilha pode estar relacionada com a falta de iniciativa e envolvimento dos próprios bravenses.

As declarações de Francisco Tavares lançam um debate importante sobre o futuro da Brava, incentivando uma análise mais profunda das suas dificuldades e um maior sentido de responsabilidade por parte de todos os seus filhos, tanto os que permanecem na ilha como os que partiram.