Inconformado com a derrota nas urnas e com um processo judicial nas costas, Francisco Tavares continua atento e critico às falhas na administração municipal

A Ilha Brava está a ser palco de um aceso e contínuo confronto político que transcende o período eleitoral. O epicentro da discórdia é o ex-Presidente da Câmara Municipal da Brava, Francisco Tavares, eleito pelo Movimento para a Democracia (MpD) e derrotado nas últimas eleições autárquicas, que tem mantido uma postura de ataque constante à nova administração, liderada por Amândio Brito, do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV).

Oct 3, 2025 - 15:35
Oct 3, 2025 - 16:25
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Inconformado com a derrota nas urnas e com um processo judicial nas costas, Francisco Tavares continua atento e critico às falhas na administração municipal

O embate ganha contornos mais complexos e sérios, uma vez que Francisco Tavares enfrenta um processo judicial em curso que corre no Departamento Central de Acção Penal (DCAP) da Procuradoria-Geral da República (PGR). Esta situação, aliada à sua notória inconformidade com a derrota eleitoral, tem alimentado uma série de críticas públicas dirigidas à gestão actual. O ex-edil tem apontado o dedo a diversas "mazelas" da ilha, problemas estruturais que, ironicamente, a sua própria administração não conseguiu resolver durante o seu mandato.

Perante a onda de ataques, a nova administração municipal, na pessoa do Presidente Amândio Brito, adoptou uma estratégia de ignorar as críticas e manter o foco no trabalho. Brito tem reiterado publicamente que a autarquia não se deixará desviar por quem "não quer contribuir para o desenvolvimento da Brava".

Em declarações recentes à Bravanews, o Presidente Brito afirmou que a sua prioridade é o cumprimento integral das propostas de governação que foram "devidamente sancionadas" pelos eleitores. A mensagem é clara: o tempo é de trabalho e não de responder a polémicas que considera estéreis para o progresso da ilha. O foco da nova gestão, que recentemente assumiu o cargo, está direcionado para a execução dos projetos estruturantes e para a melhoria da qualidade de vida dos bravenses, tal como prometido durante a campanha.

No plano partidário, as reações têm sido igualmente notáveis. O seu partido, o PAICV, optou por não se pronunciar directamente sobre as críticas de Francisco Tavares. A direção do partido justificou esta posição, alegando conhecer "os costumes e as ações belicosas desta entidade", sugerindo que se trata de uma estratégia política já esperada e que não merece credibilidade ou resposta oficial. Este silêncio é interpretado como uma tática para desvalorizar a oposição e evitar dar palco a uma figura que já não está no poder.

Por outro lado, a postura do ex-Presidente tem gerado um crescente desconforto em sectores do seu próprio partido, o MpD. Militantes e algumas figuras proeminentes do Movimento para a Democracia na Brava manifestaram a sua insatisfação, considerando que as acções e ataques contínuos de Tavares em nada beneficiam a imagem do partido. Segundo fontes internas, existe a preocupação de que esta "postura" de inconformismo e beligerância "em nada contribui para a boa opinião que os bravenses têm do partido MpD". A crítica de dentro do próprio partido sublinha o risco de a polémica afectar a percepção de responsabilidade e estabilidade que o MpD procura projetar na ilha.

O cenário político na Brava revela, assim, uma ilha dividida e sob o espectro de uma contenda que mistura a política partidária com questões judiciais, enquanto a nova administração tenta impor uma agenda de foco no desenvolvimento, alheia ao ruído singular da figura, que segundo alguns, tornou-se irrelevante no cenário bravense.