Modus sobrevivência - Aviso a navegação!

A medida que se aproximam as eleições legislativas, um velho instinto desperta na politica cabo verdiana que é : o “Modus Sobrevivência “. É a fase em que muitos políticos, sobretudo deputados, se agitam freneticamente para garantir um lugar nas listas e aí salvar as mordomias do cargo.

Sep 27, 2025 - 03:50
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Modus sobrevivência - Aviso a navegação!
Para mim é algo normal e nada à opor eu tenho, se demonstrarem ser merecedores dessa honraria!
Vê-se que é um movimento coreografado em que muitos medíocres que nunca deviam lá estar, ressurgem em novas roupagens, tentando se apresentar como renovados, sendo Ministros, directores, presidentes de instituições e agências, passam a ostentar uma súbita proximidade ao eleitorado, aliada ao surgimento de candidaturas a cargos de coordenação política , não por espirito de missão , mas para alimentar a probabilidade matemática de integrarem as listas e assim perpetuarem no poder.
Entretanto, já é sabido que boa parte da sociedade já não se deixa enganar e nem se deixa engraxar.
Todos sabem que existem Deputados que deviam ser excluídos da vida politica, não apenas pelo não perfil, mas pela postura e pelo desrespeito à ética e ao decoro parlamentar.
Por vezes, muitas vezes, bastas vezes a sociedade não se reve nos seus parlamentares que tendem a transformar essa casa legislativa num cabaré de vaidades, onde a venda de egos e troca de acusações gratuitas, substitui o debate sério, fazendo que a confiança do povo na instituição se esvai e o preço dessa degradação é paga por todos nós.
Temos que ter sempre presentes que os partidos não são entidades estáticas, precisam de oxigênio, renovação e coragem para se reinventar.
Em vez de pressionarem as lideranças com jogos de bastidores, aqueles que já atingiram o “limite” da sua contribuição deveriam ter a humildade a honorabilidade de se afastarem ,reconhecendo que o desgaste politico tem nome e sobrenome.
A escolha de quem compõe as listas não pode ser resultado de pressões internas, mas sim, um processo criterioso , transparente , capaz de oferecer ao eleitorado nomes respeitáveis e preparados.
Estar nas listas de um partido - seja Mpd , Paicv ou UCID - jamais pode ser visto, como garantia automática de votos, sendo por vezes penalizador a presença de certas figuras.
Hoje, mais do que nunca, o eleitor exige qualidade, credibilidade e competência e só assim se conseguirá evitar o engrossar da abstenção.
No caso do MPD , que governa e aspira continuar a ser poder, essa triagem é mais premente se quiser sair vitorioso do pleito legislativo.
A vitória ou derrota em 2026 dependerão diretamente da coragem de promover uma renovação profunda , eliminando cadastrados, infiltrados , medíocres e oportunistas.
A política deve ser um espaço de serviço público e , não um mercado de trabalho fácil, onde não existe concurso ou avaliação de competência. É inaceitável que alguns vejam na deputação uma profissão vitalícia , alimentando-se do partido e por vezes nem pagando uma quota ao mesmo.
Os partidos não podem continuar a ser “vacas leiteiras” , onde preguiçosos saciam suas insuficiências e ambições pessoais.
Falo com autoridade de quem esteve lá. Fui deputado da nação e, terminado o mandato, regressei ao meu cargo de origem , cedendo espaço a outro e reformando com dignidade. Fiz isso por acreditar que a política deve ser transitória e que o lugar não nos pertence, pertencendo ao povo que nos elege.
É hora de fazer inverter a lógica e os partidos apostarem na qualidade dos seus militantes, dos seus quadros e, ao mesmo tempo abrir espaço a sociedade civil e aos independentes, pessoas que possam congregar novos valores, novas ideias e nova credibilidade e nesse item acredito que o MPD estará sempre na posição de vanguarda.
No fim de tudo é sabido que quem decide as eleições não são os caciques partidários, nem as estruturas locais ( essas ajudam), pois quem decide é o povo e a grosso modo é alheio a militância partidária!