Montes submarinos de Cabo Verde são reconhecidos como “hotspots” de biodiversidadey

Estudo recente revela que os montes submarinos ao redor de Cabo Verde são hotspots de biodiversidade: ao menos 14 formações vulcânicas profundas criam ambientes ricos em nutrientes e atraem desde microrganismos até tubarões e cetáceos. A pesquisa aponta a necessidade de ampliar a conservação marinha — atualmente focada no litoral — para incluir essas áreas offshore, garantindo proteção ecológica e uso sustentável.

Nov 26, 2025 - 08:20
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Montes submarinos de Cabo Verde são reconhecidos como “hotspots” de biodiversidadey

Uma equipe internacional de pesquisa divulgou a primeira avaliação abrangente dos montes submarinos que cercam o arquipélago de Cabo Verde — revelando a riqueza ecológica, a importância biológica e o valor socioeconômico desses ecossistemas profundamente pouco explorados. Pelo menos 14 grandes montes submarinos, além de numerosas elevações menores, desempenham papel crucial ao concentrar nutrientes e influenciar correntes oceânicas locais, criando as condições ideais para a vida marinha.  

Esses montes funcionam como verdadeiros oásis no oceano: abrigam desde microrganismos até comunidades de corais e esponjas de águas profundas, e atraem predadores maiores como tubarões, tartarugas, aves marinhas e cetáceos.   A localização dessas estruturas — entre as águas temperadas do Atlântico Norte e as águas tropicais do Atlântico Sul — ainda potencializa a produtividade regional e promove uma conectividade ecológica significativa.  

O estudo, publicado na revista Progress in Oceanography, foi liderado por pesquisadores de instituições na Espanha, Reino Unido e Espanha (Gijón Oceanographic Center, UK National Oceanography Centre e University of Barcelona).   Segundo os autores, entender o funcionamento desses montes submarinos é essencial para planejar sua proteção e garantir o uso sustentável dos recursos marinhos.  

Até agora, as áreas marinhas protegidas em Cabo Verde concentram-se nas zonas costeiras. O estudo sugere que incluir os montes submarinos nas estratégias de conservação — estendendo a proteção para águas oceânicas mais profundas — poderia promover uma abordagem mais holística, que una considerações ecológicas e socioeconômicas.   Há também alertas sobre impactos humanos potenciais, como pesca artesanal e industrial, tráfego marítimo e até interesse em mineração em mar profundo.  

Os pesquisadores defendem que, como signatário do compromisso internacional “30×30” para biodiversidade e do tratado das Altas Marés (High Seas Treaty), Cabo Verde tem a oportunidade de declarar esses montes submarinos como áreas prioritárias de conservação — reforçando sua liderança regional e contribuindo para metas globais de conservação marinha.