Novo presidente da Associação dos Municípios de Fogo e Brava defende criação de empresa marítima regional
Nuías Silva, novo presidente da Associação dos Municípios de Fogo e Brava, defende a criação de uma empresa marítima regional para resolver as falhas nas ligações entre as ilhas, atualmente reduzidas a três por semana, e seguir o exemplo de integração regional de São Vicente e Santo Antão.

O novo presidente da Associação dos Municípios das ilhas do Fogo e Brava, em Cabo Verde, Nuías Silva, propôs a criação de uma empresa regional de transportes marítimos para responder às dificuldades de ligação que continuam a afetar a população.
“Queremos desenhar as nossas próprias soluções, envolvendo emigrantes, residentes das duas ilhas, armadores nacionais e investidores interessados na criação de uma empresa marítima regional”, afirmou Nuías Silva, citado pela Rádio de Cabo Verde (RCV).
Também presidente da câmara de São Filipe, o autarca foi eleito na quarta-feira para liderar a direção da associação intermunicipal e defende uma solução local, liderada pelas autoridades das ilhas, para ultrapassar as limitações nas ligações marítimas.
Atualmente, as ligações entre Fogo, Brava e Santiago foram reduzidas a apenas três por semana, quando antes eram diárias, exceto aos domingos. “Isto é claramente insuficiente para as nossas ambições e necessidades”, criticou, considerando que o modelo em vigor “não tem dado resposta” e que as regiões “não podem continuar à espera de soluções vindas de fora”.
O responsável sublinhou que será necessário dialogar com o Governo e outras entidades, nomeadamente sobre o licenciamento de operações e a possível exclusividade das rotas atualmente concessionadas. A iniciativa segue o exemplo de São Vicente e Santo Antão, que beneficiam de ligações frequentes e de uma maior integração regional.
Em junho, dezenas de bravenses manifestaram-se exigindo melhores transportes marítimos, empunhando cartazes como “os nossos impostos contam, queremos os nossos barcos”. O primeiro-ministro reconheceu falhas no sistema e comprometeu-se a ultrapassar constrangimentos técnicos e operacionais.
A irregularidade nas ligações tem dificultado a mobilidade e o acesso a bens e serviços essenciais nas ilhas mais isoladas. Em julho, a CV Interilhas anunciou o regresso do navio Kriola para reforçar as ligações entre Santiago, Maio, Fogo e Brava, após avarias e acidentes na frota nacional.