Críticas à concessão da interilhas com António Varela questionando o silêncio do Governo e da mídia

Pawtucket, 9 de Agosto de 2025 (Bravanews) – A decisão do Governo de Cabo Verde de conceder de forma exclusiva a operação de transportes marítimos inter ilhas à empresa CV Inter Ilhas continua a gerar controvérsia, especialmente entre a diáspora cabo-verdiana. Recentemente, um dos críticos mais vocais, o bravense radicado nos EUA, António Varela, publicou nas suas redes sociais um texto incisivo que põe em causa o silêncio do executivo e da imprensa local sobre o contrato.

Aug 9, 2025 - 14:58
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Críticas à concessão da interilhas com António Varela questionando o silêncio do Governo e da mídia

Varela, conhecido pelas suas posições críticas, mas também pelo seu profundo amor por Cabo Verde, não poupou palavras ao descrever o que ele considera ser um “deplorável fiasco”. Ele comparou o que está a acontecer a uma peça de teatro mal encenada, onde todos os intervenientes – incluindo o Governo, a comunicação social e os especialistas – aplaudem a “grande estreia” mas desaparecem quando surgem as “perguntas sérias”.

“O silêncio dos grandes em relação a este deplorável fiasco da assinatura do Inter Ilhas é ensurdecedor – como ouvir grilos à noite. Onde estão eles? O que têm a dizer? Onde estão as respostas dos PhDs?”, questiona Varela no seu texto, em clara referência aos técnicos e especialistas que participaram no processo.

António Varela vai mais além, acusando o Governo de apresentar uma “performance brilhante” que, na realidade, não passa de uma “miragem – fumaça e espelhos disfarçados de progresso”. Na sua perspectiva, este contrato, que tem sido alvo de diversas críticas por alegadas falhas e lacunas, não representa o avanço que se prometeu à população.

Ele também expressa a sua frustração com a alegada falta de acompanhamento por parte da imprensa cabo-verdiana, que, segundo ele, celebrou a assinatura do contrato mas não tem feito o trabalho de “análise, responsabilização e acompanhamento” que se exige.

“E agora, até a mídia cabo-verdiana – aquela mesma que estava na linha da frente, celebrando o acto de abertura – parece ter sumido. Sem análise, sem responsabilização, sem acompanhamento”, lamenta o bravense.

O emigrante, no entanto, mantém a esperança de que os tempos mudem. Na sua visão, a era da internet impede que falhas como esta sejam apagadas da memória coletiva. “Já não é o velho mundo”, defende ele. “Estamos na era da internet, onde cada passo em falso é gravado e pode ser revisto”.

Varela termina a sua mensagem com um apelo contundente, pedindo que a população e os líderes parem de “aceitar promessas vazias e liderança fraca como se fosse algo normal". Basta.”

As críticas de António Varela refletem uma crescente insatisfação de uma parte da diáspora e da sociedade civil cabo-verdiana em relação à gestão dos transportes marítimos, um sector vital para a economia e para a vida dos cidadãos do arquipélago. Resta agora saber se este e outros apelos terão algum impacto na forma como o Governo e a CV Interilhas irão atuar daqui para a frente.

MS