Ouro de Naufrágio do Século XVIII Liga-se a Cabo Verde em Caso Policial Internacional

Um caso de tráfico ilegal de barras de ouro retiradas de um navio francês naufragado no século XVIII envolve uma possível conexão com Cabo Verde. Uma cidadã francesa alegou ter encontrado o ouro enquanto mergulhava nas águas do arquipélago, mas autoridades francesas contestam essa versão e apontam para outro local e suspeitos já investigados na Europa.

Jul 9, 2025 - 10:44
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Ouro de Naufrágio do Século XVIII Liga-se a Cabo Verde em Caso Policial Internacional

O suposto envolvimento de Cabo Verde em um escândalo internacional de contrabando de ouro está novamente no centro de uma polêmica que se arrasta há décadas. As autoridades francesas contestam uma alegação feita pela cidadã francesa Annette May Pesty, de 78 anos, que afirmou ter encontrado barras de ouro mergulhando nas águas do arquipélago cabo-verdiano.

A declaração foi feita em 1999, no programa Antiques Roadshow, quando Pesty revelou possuir os lingotes, que posteriormente se provaram pertencentes ao tesouro do navio francês Le Prince de Conty, afundado em 1746 na costa da Bretanha. No entanto, investigações conduzidas por arqueólogos subaquáticos franceses indicam que a origem do ouro não tem relação com Cabo Verde, mas sim com o local do naufrágio perto da ilha francesa de Belle-Île-en-Mer.

O caso tomou novos contornos em 2018, quando o arqueólogo Michel L’Hour identificou cinco barras de ouro à venda num site de leilões nos EUA. As investigações levaram às mãos da escritora americana Gay Courter, de 80 anos, e seu marido Philip Courter, de 82, que alegaram ter recebido os lingotes como presente de Pesty e seu parceiro já falecido.

Embora Pesty tenha sustentado sua versão ligada a mergulhos em Cabo Verde, as autoridades acreditam que o verdadeiro responsável pela extração das 16 barras de ouro entre 1976 e 1999 foi seu cunhado, o fotógrafo subaquático Yves Gladu. Gladu confessou ter feito dezenas de mergulhos no local do naufrágio e vendido todo o ouro a um militar suíço em 2006, negando qualquer ligação com os Courters.

Mesmo assim, o casal americano acabou vendendo 18 barras de ouro por mais de 192 mil dólares, principalmente pela internet. Ambos foram presos no Reino Unido em 2022 e atualmente enfrentam acusações formais na França por receptação de bens roubados e tráfico ilícito de artefactos históricos.

O caso, que deve ir a julgamento em 2026, levanta questões sobre a circulação ilegal de bens históricos e o uso de narrativas alternativas — como a suposta ligação com Cabo Verde — para tentar justificar a posse de objetos saqueados.

A defesa dos Courters alega que o casal “não tinha consciência da origem ilícita do ouro” e que “apenas queriam ajudar um amigo francês”. Já a suposta ligação com mergulhos em Cabo Verde parece ter servido apenas como distração num caso mais complexo e antigo.