PAICV exige respostas urgentes do Governo face ao racionamento e escassez de bens na Brava e no Fogo

O PAICV voltou a alertar para o que descreve como uma situação “grave e insustentável” nas ilhas Brava e Fogo, marcada por falhas no transporte marítimo, racionamento de água, dificuldades energéticas, falta de apoio à agricultura e escassez de produtos essenciais.

Em conferência de imprensa sobre o balanço das jornadas parlamentares, o líder do grupo parlamentar, Clóvis Silva, afirmou que as recentes alterações no serviço de cabotagem agravaram o acesso a cargas essenciais, deixando comerciantes e famílias em situação crítica. Segundo disse, o atual modelo de concessão marítima não garante o abastecimento regular de bens como água potável, congelados, leite e iogurtes.

Embora um carregamento recente tenha sido efetuado pela Atlantic Shipping e novas viagens anunciadas pela CV Interilhas, o dirigente sublinhou que o problema persiste devido à dificuldade dos comerciantes em garantir espaço para mercadorias e camiões.

Na Brava, o racionamento de água e energia continua a penalizar a população. Clóvis Silva apontou ainda falhas no planeamento da dessalinizadora de Furna, um investimento de cerca de 5 milhões de euros. De acordo com o parlamentar, a água captada apresenta níveis elevados de manganês, comprometendo as membranas e limitando sua operação.

No Fogo, agricultores recorreram ao GPPAICV para manifestar frustração com o Ministério da Agricultura e Ambiente. Segundo o líder parlamentar, produtores sentem-se ignorados, enfrentam pragas, falta de água e ausência de apoio técnico — e rejeitam declarações recentes de um agricultor que sugeria satisfação generalizada no setor.

Outro ponto destacado foi a decisão do Governo de adquirir um navio para reforçar a ligação marítima Fogo/Brava. Clóvis Silva lembrou que os quatro municípios da região já tinham realizado um estudo de viabilidade com vista a resolver o problema por iniciativa própria. O PAICV considera positiva a decisão, mas critica o facto de ter sido tomada “de forma reativa e sem comunicação ao país”, defendendo maior articulação entre Governo e autarquias.

O parlamentar reiterou que o Governo deve apoiar os municípios, sublinhando que “quanto mais entidades com responsabilidade intervirem, mais cedo a população beneficiará de uma solução”.

A sessão parlamentar que arranca amanhã deverá ainda analisar diplomas relacionados à reforma do Parlamento. O GPPAICV alerta para a necessidade de ponderação, lembrando que o país está a quatro meses das eleições e que matérias estruturais exigem tempo e consenso. Durante os trabalhos, o partido apresentará também um voto de condenação ao golpe de Estado na Guiné-Bissau, reafirmando a defesa da ordem constitucional no país vizinho.