Deputado Abraão Vicente critica duramente a "Presidência Aberta" de José Maria Neves, classificando-a como "teatro dispendioso" e "pré-campanha eleitoral"
Cidade de Praia, 3 de Novembro de 2025 (Bravanews) —Conhecido pela sua posição firme, o deputado nacional Abraão Vicente teceu duras críticas ao modelo e ao momento da Presidência Aberta levada a cabo pelo Presidente da República, José Maria Neves. Numa longa e incisiva mensagem partilhada nas suas redes sociais, Vicente, uma figura com algum peso no panorama político cabo-verdiano, não poupou adjectivos, classificando o exercício presidencial como "inutilidade flagrante" e "pré-campanha eleitoral".
                                O deputado iniciou a sua crítica com uma acusação direta, afirmando que "A Presidência Aberta é a pré-campanha eleitoral de Sua Excelência o Presidente da República para um segundo mandato. Nada que Cabo Verde não tenha já visto antes. Mais do mesmo." Esta alegação sugere que, sob o pretexto de um contacto direto com a população, o Presidente estaria, na verdade, a construir o seu caminho para a reeleição.
Abraão Vicente questionou a eficácia e o propósito prático das Presidências Abertas, sustentando que, na prática, "este exercício é de uma inutilidade flagrante." De acordo com o deputado, estas iniciativas "não produzem resultados tangíveis, não enfrentam nenhum dos problemas estruturais do país" e acabam por se converter "num teatro dispendioso, um roteiro de vaidades pago pelo erário público".
A crítica estendeu-se à própria noção de "magistratura de influência", que, no seu entender, "há muito perdeu o sentido".
O deputado expressou um profundo desapontamento com a imagem que o atual Chefe de Estado projeta, descrevendo-o a "desfilar pelo país sem densidade política, sem mensagem de Estado e com a previsibilidade de um disco riscado." Para Vicente, esta postura é uma "arrogância travestida de humildade, que disfarça o vazio de ideias e a ausência de propósito."
Cita o filósofo e sociólogo Daniel Innerarity para reforçar a sua tese, referindo que "a política sem substância moral é apenas um espetáculo de sombras", e que é precisamente esse "espetáculo" que se vê "desfilar em nome da unidade nacional".
Vicente sublinhou que só aceitaria um modelo de presidência itinerante se o seu titular tivesse a "coragem de resolver o que bloqueia o país a partir do seu posto e das suas competências", em vez de apenas "representar o papel simbólico de quem finge escutar para manter-se em evidência."
A mensagem culmina com uma acusação de que o Presidente José Maria Neves tem consistentemente preferido a aparência à substância ao longo do seu mandato: "Desde o primeiro dia do seu mandato, o atual Presidente tem preferido o palco ao trabalho, o gesto ao resultado e a encenação ao exercício real da responsabilidade institucional."
Finalmente, Abraão Vicente, que não declara um candidato alternativo neste momento, deixou clara a sua posição em relação a uma eventual recandidatura de Neves, concluindo de forma inequívoca: "Ainda não tenho um candidato presidencial, mas por razões mais do que óbvias, ele não terá o meu apoio."
As declarações de Abraão Vicente prometem agitar o debate público, forçando uma reflexão sobre o papel da Presidência da República e a forma como o erário público é gerido nestas iniciativas. Resta saber qual será a reação da Presidência da República a estas contundentes críticas.
                                                                                                                                            
                                                                                                                                            
                                                                                                                                            




















