Entre o sonho e a triste realidade, a escola central de Nossa Senhora do Monte clama por socorro

O abandono de um projeto de reabilitação moderno deixa o patrimônio educacional à mercê da ruína, enquanto a comunidade assiste, impotente, à queda de um símbolo de saber.

Oct 8, 2025 - 09:57
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Entre o sonho e a triste realidade, a escola central de Nossa Senhora do Monte clama por socorro

A Escola de Nossa Senhora do Monte, um edifício com valor inestimável para a história e a comunidade local, está a sucumbir, lenta e dolorosamente, ao peso do abandono e do descaso. O sonho de um projeto de recuperação, que prometia tempos modernos e um futuro digno para a instituição de ensino, não passou de meras palavras e desenhos no papel, deixando a escola num estado de degradação que ameaça a sua própria existência.

Há anos que a comunidade sonhava com a reabilitação da Escola de Nossa Senhora do Monte. Um projeto arrojado, que se alinhava com as mais recentes exigências pedagógicas e estruturais, chegou a ser apresentado. Este plano visionário previa a modernização das salas de aula, a criação de novos espaços de lazer e a segurança estrutural do edifício, transformando-o num verdadeiro polo de excelência educacional. Contudo, essa promessa de renovação rapidamente se desvaneceu.

O projeto, que deveria ter sido o motor da revitalização, ficou inexplicavelmente engavetado. A verba necessária, a luz verde administrativa, ou o interesse político—seja qual for o motivo—o resultado é o mesmo: paralisação total.

Enquanto a burocracia e a inação pairavam sobre o futuro da escola, a realidade física do edifício continuou a deteriorar-se a um ritmo alarmante. O que antes era uma estrutura sólida e acolhedora, hoje apresenta um quadro desolador de decadência.

A Escola de Nossa Senhora do Monte, que continua a receber alunos, transformou-se num ambiente de risco e insalubridade. As paredes, antes brancas, estão agora manchadas pela humidade e pelo bolor. O teto, em vários pontos, cai em pedaços, obrigando a soluções provisórias e perigosas que mais parecem remendos de última hora do que manutenções planeadas.

O problema da humidade é crónico, infiltrando-se nas estruturas, corroendo materiais e criando um ambiente propício a doenças respiratórias. As instalações elétricas são precárias, os pavimentos estão danificados e os espaços exteriores, que deveriam ser de recreio e convívio, estão ao abandono.

"É com o coração apertado que vejo a escola dos meus filhos a cair assim," desabafa Maria, mãe de um aluno, que prefere não revelar o seu nome por receio de represálias. "Sabemos que há um projeto, que está tudo planeado, mas ninguém faz nada. É uma vergonha para a nossa comunidade. As crianças não merecem estudar num sítio assim."

Os próprios professores e funcionários, confrontados diariamente com este cenário, esforçam-se por manter a normalidade e a qualidade do ensino, mas a luta é desigual. O risco para a segurança dos alunos e do corpo docente é uma preocupação constante, com relatos de partes da estrutura a cederem em dias de chuva intensa.

A comunidade tem feito ouvir a sua voz através de petições, reuniões e apelos públicos, mas o eco das suas preocupações parece perder-se nos corredores do poder. A indiferença das entidades responsáveis, sejam elas locais ou centrais, é vista como um sintoma de um problema maior: a desvalorização do património e da educação.

O tempo urge. Se nada for feito de imediato, o custo da reabilitação será cada vez maior, podendo mesmo ser necessária a demolição de partes da estrutura, caso os danos se tornem irreversíveis.

A Escola de Nossa Senhora do Monte é mais do que um conjunto de pedras e argamassa; é um símbolo de identidade e um pilar do ensino na ilha. A sua ruína é a ruína de uma parte da história da comunidade. O projeto dos tempos modernos pode ter ficado no papel, mas a realidade da degradação está bem visível a todos, clamando por uma intervenção urgente que resgate a escola do abismo e honre o direito de centenas de crianças a um futuro digno e seguro.

Quem irá, finalmente, dar ouvidos ao grito de socorro da Escola de Nossa Senhora do Monte antes que seja tarde demais?