Estudo revela que 88,8% das mulheres em Cabo Verde realizam trabalho não remunerado

Estudo revela que 88,83% das mulheres em Cabo Verde realizam trabalho não remunerado, destacando desigualdades de género nas tarefas domésticas e de cuidado. O Governo anuncia medidas para promover a conciliação entre vida familiar e profissional, incluindo a criação da profissão de cuidador e o alargamento do acesso a serviços de apoio.

Aug 4, 2025 - 09:28
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Estudo revela que 88,8% das mulheres em Cabo Verde realizam trabalho não remunerado

Um estudo sobre o "Uso do Tempo e Trabalho Não Remunerado", apresentado esta semana, revelou que 88,83% das mulheres cabo-verdianas realizam trabalho não remunerado, em comparação com 70,21% dos homens. A investigação, conduzida pelo Instituto Cabo-verdiano para a Igualdade e Equidade de Género (ICIEG) em parceria com o Instituto Nacional de Estatística (INE), destaca ainda que as mulheres representam 85,7% no trabalho doméstico, enquanto nos cuidados a crianças, idosos e pessoas com deficiência, essa responsabilidade recai sobre 39,7% das mulheres, contra apenas 9,5% dos homens.

Na sessão pública de apresentação, a secretária de Estado da Inclusão Social, Lídia Lima, sublinhou que os dados são essenciais para compreender as dinâmicas de género no seio das famílias cabo-verdianas e defendeu a necessidade de medidas que permitam a conciliação entre a vida familiar e profissional das mulheres.

"A mulher não pode absorver todo o seu tempo nos serviços domésticos e deixar acumular as suas responsabilidades profissionais", alertou Lídia Lima, frisando que o trabalho de cuidado continua a ser invisível e pouco reconhecido.

Entre as iniciativas do Governo para inverter esta realidade, destacam-se a criação da profissão de cuidador de pessoas dependentes, a implementação do Estatuto da Pessoa Idosa, a Estratégia Nacional para Pessoas com Deficiência, o financiamento de cuidadores em todo o território nacional, o alargamento dos serviços de cuidados domiciliários, e a subvenção de creches, centros de dia e lares. O executivo aposta ainda na universalização do pré-escolar, na ampliação do Rendimento Social de Inclusão (RSI), e no apoio a ONGs e câmaras municipais para execução de programas de cuidados.

O estudo abrangeu 3.306 agregados familiares durante o quarto trimestre de 2024 e servirá como base para políticas que visam libertar as mulheres para o mercado de trabalho, aumentar o rendimento familiar e fomentar o empreendedorismo no setor dos cuidados.