Francisco Carvalho insiste na defesa da revisão constitucional para “travar judicialização da política”

O presidente da Câmara Municipal da Praia, Francisco Carvalho, voltou a defender hoje a revisão da Constituição, para pôr fim à “judicialização da política e reforçar a meritocracia” e a independência das instituições.

Dec 17, 2025 - 12:18
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Francisco Carvalho insiste na defesa da revisão constitucional para “travar judicialização da política”

Francisco Carvalho alertou para os riscos da crescente judicialização da política, afirmando que este fenómeno representa uma “forma grave de pressão” sobre os actores políticos e compromete o normal funcionamento da democracia.

Para sustentar a sua posição, recordou o caso do ex-primeiro-ministro português António Costa, cuja demissão foi desencadeada pela simples referência do seu nome num relatório judicial, sublinhando a necessidade de grande prudência na relação entre justiça e política.

Segundo o autarca da Praia, os tempos actuais colocam novos desafios às instituições e exigem uma reflexão profunda sobre a separação de poderes.

Nesse sentido, defendeu uma revisão “urgente” da Constituição da República que retire do primeiro-ministro a prerrogativa de nomear titulares de cargos como o Procurador-Geral da República, o presidente do Tribunal de Contas, bem como o inspector-geral do Estado.

Carvalho frisou que esta proposta surge num momento em que se projecta como futuro primeiro-ministro, destacando que, ao defender a revisão constitucional, estaria a abdicar de poder pessoal em nome do fortalecimento da democracia.

“Não estou a pensar em reforçar o meu poder, mas sim em abdicar dele”, afirmou, realçando que o objectivo é garantir instituições mais independentes e credíveis.

Na sua perspectiva, a escolha destes cargos por meio de concursos entre pares enviaria um sinal forte à juventude, demonstrando que a progressão profissional no Estado deve assentar-se na qualificação e no mérito, e não na filiação partidária ou em relações de proximidade política.

O edil criticou ainda o actual modelo de nomeações, considerando que ele permite interferências indevidas e pressões sobre poderes eleitos legitimamente.

Como exemplo, referiu o contraste entre a ausência de inspecções durante 12 anos de anteriores gestões na câmara da Praia e o aumento significativo de fiscalizações após a sua chegada ao cargo, questionando a motivação dessas acções.

Francisco Carvalho concluiu defendendo uma análise realista da realidade política cabo-verdiana e reiterou que a verdade deve ser o principal instrumento no debate público, sublinhando que o fortalecimento da democracia passa, necessariamente, pela independência efectiva das instituições do Estado.

Inforpress