Promessa de ligação marítima diária Brava-Fogo-Brava desaparece no silêncio pós-eleitoral

Em outubro do ano passado, a comunidade bravense recebeu com optimismo a notícia de que Francisco Tavares havia obtido do empresário Júlio Rodrigues o compromisso de envidar todos os esforços para garantir a chegada de uma embarcação que assegurasse a tão almejada ligação diária entre Brava e Fogo, com impacto positivo na mobilidade de pessoas e bens. A promessa surgiu num período de intensa campanha eleitoral, gerando na população a expectativa de ver sanada uma das maiores dificuldades enfrentadas pela ilha: o isolamento e a dependência de ligações marítimas irregulares e incertas.

No entanto, passados alguns meses das eleições autárquicas, a "firme certeza" outrora apregoada parece ter-se desvanecido. Os dias transformaram-se em semanas e as semanas em meses, sem que qualquer desenvolvimento concreto tenha sido anunciado publicamente. A embarcação não chegou, a ligação diária permanece uma miragem e o entusiasmo inicial deu lugar a um sentimento crescente de desilusão e frustração entre os bravenses.

"Acreditamos nas palavras do presidente na altura. Parecia tão certo, tão iminente", lamenta uma residente da Brava que preferiu não se identificar. "Essa ligação diária faria toda a diferença para nós, para a nossa economia, para as nossas famílias. Mas agora o silêncio sobre o assunto é ensurdecedor."

A falta de informações por parte do ex-Presidente da Câmara Municipal da Brava sobre o que aconteceu ou o eventual insucesso das negociações com o empresário Júlio Rodrigues contribui para aumentar a sensação de que a promessa não passou de uma estratégia de marketing eleitoral (que não funcionou), utilizada para angariar votos  sem um fundamento sólido.

A ligação marítima entre Brava e Fogo é crucial para a ilha mais pequena de Cabo Verde. A dificuldade no transporte afeta o acesso a serviços básicos, o escoamento de produtos locais, o turismo e, de forma geral, a qualidade de vida dos seus habitantes. A promessa de uma ligação diária representava um raio de esperança para o desenvolvimento da ilha e a quebra do seu isolamento histórico.

O silêncio que agora paira sobre o assunto levanta questões sobre a credibilidade das promessas feitas em período eleitoral e o impacto que a sua não concretização pode ter na confiança dos cidadãos nas instituições e nos seus representantes. Embora tenha perdido a eleição, a comunidade bravense aguarda por um esclarecimento por parte de Francisco Tavares, morador e actual crítico-mor nas redes sociais, sobre o que aconteceu com a "firme certeza" de outubro e se ainda existe alguma esperança de ver concretizada a tão necessária ligação marítima diária entre Brava e Fogo. O tempo, para os residentes da ilha, parece correr mais lentamente enquanto aguardam por respostas que teimam em não chegar.