Tenho-me sentido cada vez mais desiludido com a liderança do Primeiro-Ministro Ulisses Correia e Silva - Antonio Varela

Nesta noite, tive a oportunidade de ouvir um discurso de Janira Hopfeer Almada que me deixou profundamente impressionado. Num ambiente político em que, com demasiada frequência, a retórica se sobrepõe ao conteúdo, o seu discurso destacou-se como uma rara e refrescante exceção. Foi uma intervenção com espinha dorsal e substância — que apresentou uma visão clara e exequível para o futuro de Cabo Verde. Se existe um exemplo do tipo de discurso político que o nosso país precisa de adotar ao enfrentarmos os desafios do século XXI, este é, sem dúvida, um forte candidato.

Aug 2, 2025 - 04:44
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Tenho-me sentido cada vez mais desiludido com a liderança do Primeiro-Ministro Ulisses Correia e Silva - Antonio Varela
Não sou alguém que aplaude facilmente figuras políticas, especialmente no contexto nacional atual, onde promessas são feitas com frequência, mas raramente cumpridas. Ao longo da última década, tenho-me sentido cada vez mais desiludido com a liderança do Primeiro-Ministro Ulisses Correia e Silva. Considero que estes últimos dez anos foram marcados mais pela estagnação do que pelo progresso — uma década de oportunidades perdidas, em que o desenvolvimento inclusivo e sustentável foi colocado em segundo plano em nome da conveniência política.
O que torna o discurso de Janie’s Hopner Almada tão impactante não é apenas a sua crítica ao estado atual das coisas, mas a forma como insistentemente aponta para a esperança, ancorada na responsabilidade e na ação concreta. Ela não se limitou a apontar o que está errado — traçou uma visão clara do que pode estar certo. As suas palavras ressoaram com força porque refletiram as preocupações, frustrações e esperanças de muitos cabo-verdianos que se sentem deixados para trás, ignorados ou silenciados.
Cabo Verde encontra-se, neste momento, numa encruzilhada decisiva. As próximas eleições não determinarão apenas a figura do nosso futuro líder, mas também a direção que o país tomará. Se o próximo primeiro-ministro seguir pelo mesmo caminho de mediocridade, políticas de curto prazo e promessas não cumpridas, estaremos a desperdiçar mais um capítulo crucial da nossa história. E, nesse cenário, devemos refletir seriamente: estaremos dispostos a fechar as portas ao nosso próprio futuro e deitar fora a chave?
Apelo a todos os cabo-verdianos — tanto os que vivem no país como na diáspora — que escutem este discurso. Não apenas pela sua eloquência, mas pela profundidade da sua mensagem. Ela traduz aquilo que muitos de nós temos dito há anos: que Cabo Verde merece mais — e que não podemos mais aceitar menos.