Casimiro Lopes visita a Brava em meio à dor e renova compromisso com a ilha natal

Cidade de Nova Sintra, 27 de Julho de 2025 (Bravanews) - Por força de um destino imprevisto e doloroso, Casimiro Lopes, natural da ilha Brava e residente há anos em Sao Vicente, viu-se obrigado a regressar à sua terra natal, acompanhando o corpo da sua prima Adianela, falecida subitamente em Santo Antão. A visita, marcada pela tristeza da perda familiar, transformou-se também numa jornada de reflexão e reencontro com a realidade social e económica da ilha que o viu nascer.

Jul 27, 2025 - 12:16
Jul 27, 2025 - 12:29
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Casimiro Lopes visita a Brava em meio à dor e renova compromisso com a ilha natal
Casimiro Lopes

Apesar do luto, Casimiro aproveitou a estada na Brava para percorrer vales, montanhas, povoações e cantos esquecidos da ilha. De espírito atento e coração aberto, procurou ouvir a voz da terra e do seu povo. Falou com autoridades locais, comerciantes, pescadores, agricultores, vendedeiras e jovens, colhendo testemunhos que retratam uma ilha cheia de potencial, mas cada vez mais mergulhada em desafios estruturais e abandono progressivo.

“A Brava está a ficar para trás”, confidenciou Casimiro a este jornal. “Cada conversa que tive foi como um murro no estômago. Vejo menos jovens, menos oportunidades, mais casas fechadas e mais rostos resignados e vergonhosos. Mas vejo também coragem e resistência, vejo gente que ainda acredita”, disse Lopes na sua página nas redes sociais.

Durante os dias em que permaneceu na ilha, Casimiro fez questão de visitar escolas, mercados e diversas localidades. Fez perguntas difíceis e ouviu respostas honestas. Entre os encontros, destaca-se uma conversa com um  pescadores e vendedores de pescado que, apesar das dificuldades, continuam a sair todos os dias ao mar com esperança renovada. Também escutou as vendedeiras do mercado municipal, que se queixam da fraca procura e do abandono das autoridades, mas que, com dignidade, continuam a manter viva a economia local.

A passagem por sua terra terminou com uma ida a diversas localidades, onde Casimiro se reencontrou com familiares e antigos colegas. Apesar do pesar que o trouxe à Brava, regressou a São Vicente com um sentimento de dever cumprido e com a alma inquieta. A tristeza pela morte de Adianela misturava-se com a angústia de ver a sua ilha natal cada vez mais esquecida. Ainda assim, firmou um compromisso consigo mesmo: trabalhar mais intensamente pela Brava, seja através de projetos sociais, apoio a iniciativas locais ou mobilização de emigrantes bravenses.

“A ilha depende dos seus filhos. Não podemos esperar que o Estado faça tudo. A mudança começa com cada um de nós. A Brava tem futuro, mas esse futuro exige coragem, união e ação concreta”, afirmou.