Depois de 64 Anos, Manny Silva reencontra a Ilha Brava e as suas raízes
Cidade de Nova Sintra, 20 de Julho de 2025 (Bravanews) — Sessenta e quatro anos após deixar a ilha onde nasceu, Manny Silva regressa, emocionado, às suas origens. A viagem marca não apenas um reencontro com a terra natal, mas também uma redescoberta de memórias, histórias familiares e um passado que parecia quase esquecido pelo tempo.

Manny partiu da Brava ainda criança, nos anos 1960, rumo a uma nova vida fora do arquipélago cabo-verdiano, concretamente nos EUA. Desde então, nunca mais havia retornado. Agora, com mais de seis décadas passadas, ele pisa novamente no chão que o viu nascer, acompanhado de amigos e familiares, numa jornada carregada de simbolismo e emoção.
“Há muita história aqui, muita coisa que eu não sabia!”, comentou com olhos marejados ao visitar o espaço onde em tempos foi a sua casa de infância. O imóvel, localizado em Nova Sintra, hoje abriga o museu dedicado ao ilustre poeta cabo-verdiano Eugénio Tavares. "Saber que a minha antiga casa se transformou num centro de cultura e memória nacional é algo profundamente tocante", acrescenta.
A visita à casa transformada em museu foi apenas o início de um roteiro íntimo e emocional. Visitou a antiga residência de seu avô, Manuel Ramos — carinhosamente conhecido como "Pai Duciu" — localizada na zona de Pé da Rocha, nas imediações do museu. Trata-se de um lugar que guarda um valor sentimental inestimável, sendo um dos últimos elos materiais com a história familiar de Manny.
Durante a estadia em Nova Sintra, Manny e o seu grupo têm tido encontros marcantes com habitantes locais — muitos dos quais se recordam dos seus pais e dos tempos passados. “Quando vejo alguém, costumo me apresentar e conversar, e é assim que descubro coisas novas. As pessoas aqui estão sempre dispostas a conversar e ficam entusiasmadas quando descobrem que voltei depois de tantos anos”, relata.
Após uma caminhada íngreme a partir do hotel até ao centro da cidade, encontraram uma pessoa que se disponibilizou a acompanhá-los até Fajã de Água, uma pitoresca vila costeira onde nadaram nas águas cristalinas e almoçar à beira-mar.
Para Manny, cada momento vivido nesta visita tem um tom quase onírico. “Frequentemente parece uma experiência surreal, como se eu estivesse num sonho”, afirma. É a justaposição entre as memórias de infância, as histórias contadas pelos mais velhos e a paisagem natural intacta que confere à viagem esse caráter quase mágico.
O clima colaborou com a viagem. Em pleno julho, a cidade de Nova Sintra apresenta temperaturas amenas, entre os 18 e 20 graus Celsius. Apesar de uma breve chuva durante a tarde, o céu se abriu a tempo de permitir mais uma caminhada ao ar livre — oportunidade perfeita para absorver o ambiente e fazer novos encontros.
Após a estadia na Brava, Manny e os seus acompanhantes seguiram para a ilha do Fogo, onde permanecerão por vários dias. A viagem, mais do que turística, é uma jornada espiritual e emocional, um verdadeiro regresso às raízes e um reencontro com a história de uma vida.