Ex-Presidente da Câmara da Brava, Francisco Tavares tenta censurar a Bravanews, decretando a “proibição” de citar seu nome e fazer dos seus comentários nas redes sociais, peças noticiosas
A Bravanews, um órgão de comunicação social dedicado a cobrir os acontecimentos na ilha da Brava, em Cabo Verde, tem sido alvo de ataques verbais e, mais recentemente, de uma tentativa de censura por parte do ex-Presidente da Câmara Municipal, Francisco Tavares. Após meses de críticas e investidas nas redes sociais, sem qualquer reação dos responsáveis da Bravanews, o antigo autarca elevou a tensão ao ponto de decretar que a Bravanews está proibida de usar o seu nome e de fazer peças noticiosas a partir dos seus comentários públicos.

Inicialmente, a Bravanews optou por não responder às provocações, numa postura de contenção face ao que poderiam ser considerados desabafos ou opiniões isoladas. Contudo, a recente "proibição" imposta pelo ex-presidente representa uma escalada preocupante que a Bravanews não pode ignorar. Em defesa da liberdade de imprensa e do direito à informação, o jornal digital decidiu abrir uma excepção e dedicar espaço editorial para abordar esta situação.
A alegação de que a Bravanews está impedida de mencionar o nome de Francisco Tavares e de utilizar os seus comentários públicos para a produção de notícias demonstra um profundo desconhecimento dos pilares fundamentais de um Estado de direito democrático.
O ex-autarca parece olvidar três premissas cruciais que regem a actividade jornalística e a liberdade de expressão em Cabo Verde e nos estados democráticos:
Primeira: Cabo Verde é uma república democrática onde a lei da mordaça e a censura prévia foram abolidas há mais de três décadas. A Constituição da República garante a liberdade de imprensa como um direito fundamental, essencial para o escrutínio do poder e para a vitalidade da democracia. Tentar silenciar um órgão de comunicação social é um atentado a estes princípios basilares.
Segunda: Francisco Tavares, enquanto figura pública que utiliza ativamente as redes sociais, expõe-se voluntariamente ao debate público. As suas posturas, comentários, acções e atitudes tornam-se, naturalmente, objeto de escrutínio por parte dos cidadãos e da imprensa. A tentativa de restringir a divulgação e análise dessas manifestações é não só irrealista como também antidemocrática. A transparência e a responsabilização são elementos intrínsecos ao exercício de cargos públicos e à participação na vida política.
Terceira: Cabo Verde tem vindo a consolidar a sua posição nos rankings internacionais de liberdade de imprensa. Recentemente, o país ascendeu no índice africano, o que reflete um ambiente relativamente favorável ao exercício do jornalismo. Ignorar este progresso e tentar impor restrições à actividade da imprensa demonstra um descompasso com a realidade do país e com os seus compromissos internacionais em matéria de liberdade de expressão. De acordo com os mais recentes dados, Cabo Verde alcançou a 33ª posição no Ranking Mundial da Liberdade de Imprensa de 2025, um avanço significativo que demonstra um bom desempenho nos critérios de avaliação, com destaque para o indicador de segurança.
A Bravanews reafirma o seu compromisso com a verdade, a objetividade e o rigor na cobertura dos factos que interessam à população da Brava. Não se deixará intimidar por tentativas de censura, vindas de quem vierem. Acreditamos firmemente no papel crucial da imprensa livre e independente para a saúde da democracia e para o desenvolvimento da sociedade.
Este episódio serve como um alerta para a importância de defender a liberdade de imprensa em todas as circunstâncias. A tentativa de silenciar vozes críticas e de restringir o trabalho dos jornalistas é um retrocesso que não pode ser tolerado numa sociedade que se preza pelos valores democráticos. A Bravanews continuará a exercer o seu trabalho com responsabilidade e a manter os seus leitores informados, independentemente das pressões e das tentativas de intimidação.
A escalada dos ataques e a nostalgia de líderes passados na Brava
A situação entre o ex-Presidente da Câmara Municipal da Brava, Francisco Tavares, e a Bravanews tem se intensificado, com o antigo autarca a proferir insultos e acusações graves contra o responsável pelo órgão de comunicação social. Termos como "malandro", "ladrão", "palerma", "sem moral e ética" têm sido utilizados de forma reiterada, numa clara tentativa de difamação e intimidação.
Contudo, a Bravanews aponta para uma aparente incongruência no comportamento do ex-presidente. Recorda-se o episódio do vídeo de conteúdo pornográfico que o envolveu, levantando questões sobre a sua própria conduta e o respeito pela sua família e pela sua posição pública. Adicionalmente, a Bravanews menciona investigações em curso por alegados crimes de tráfico de influência, corrupção ativa e desvio de fundos, sugerindo que as acusações proferidas por Francisco Tavares poderiam, na verdade, ser um reflexo dos seus próprios problemas judiciais. A Bravanews ironiza, afirmando que o ex-presidente parece estar "se revendo no espelho".
A Bravanews relembra o período em que Francisco Tavares liderou a Câmara Municipal, classificando-o como um "óptimo comediante". No entanto, demonstrando respeito pela dignidade do cargo que exerceu, o jornal digital opta por não aprofundar esta avaliação.
Em contraste com a postura de Francisco Tavares, a Bravanews evoca a memória de antigos presidentes da Câmara Municipal, tecendo elogios às suas qualidades e à forma como exerciam a liderança. Orlando Balla é lembrado como um homem "respeitoso, cavalheiro e educado". José Maria Barros é recordado como uma pessoa de "fala mansa, amigo dos amigos" e um "adversário político de respeito", que mantinha a cordialidade mesmo em divergência. Camilo Gonçalves é descrito como "perspicaz, estratégico, inteligente e muito educado". Por fim, Jorge Nogueira é lembrado pela sua "simpatia", pelo seu "positivismo reconhecido" e pela sua capacidade de encontrar soluções para os problemas.
A Bravanews lamenta o contraste entre a conduta destes líderes passados e a de Francisco Tavares, que, segundo o jornal, "caiu de paraquedas" na liderança da Brava, demonstrando-se "arrogante, soberbo" e desrespeitoso com os seus adversários. Esta comparação implícita reforça a crítica à postura atual do ex-presidente e expressa uma nostalgia por um estilo de liderança que a Bravanews considera mais adequado e respeitoso para a ilha. A Bravanews continua atenta aos desenvolvimentos desta situação, mantendo o seu compromisso de informar os cidadãos da Brava com independência e rigor.
A arrogância do conhecimento superficial e a falta de humildade intelectual
A Bravanews prossegue na sua análise da conduta do ex-Presidente da Câmara Municipal, Francisco Tavares, focando agora na sua postura intelectual percebida como arrogante e desrespeitosa. O jornal descreve uma atitude em que o ex-autarca, munido de uma licenciatura em Matemática e de um conhecimento básico de conceitos como o valor de π, o Teorema de Pitágoras (a2+b2=c2) e noções elementares de trigonometria, parece considerar todos os outros como ignorantes.
A Bravanews critica essa postura, salientando que a verdadeira instrução se manifesta não apenas no conhecimento adquirido, mas também na humildade intelectual e no respeito pelo saber alheio. A capacidade de recitar fórmulas matemáticas ou enunciar teoremas não confere, por si só, superioridade intelectual ou o direito de menosprezar os outros.
O jornal questiona ironicamente como seria o comportamento de Francisco Tavares caso possuísse um nível de conhecimento ainda mais elevado, como um doutorado em Física, um Prêmio Nobel em Matemática, formação em computação quântica ou especialização em mecânica de aeronaves. Essa indagação retórica serve para enfatizar a percepção de que a arrogância do ex-presidente parece inversamente proporcional à profundidade real do seu conhecimento.
A Bravanews sugere que a verdadeira erudição se acompanha de uma consciência da vastidão do conhecimento existente e de uma apreciação pelas diferentes formas de inteligência e saber. A humildade intelectual permite reconhecer que o conhecimento é um processo contínuo e que cada indivíduo possui a sua própria bagagem de experiências e saberes valiosos.
Ao contrário da postura descrita em Francisco Tavares, pessoas verdadeiramente instruídas tendem a demonstrar curiosidade, abertura ao diálogo e respeito pelas diferentes perspectivas. Elas compreendem que o conhecimento não é um troféu para ser exibido com desprezo, mas sim uma ferramenta para a compreensão e a colaboração.
A Bravanews conclui esta reflexão com uma crítica implícita à falta de modéstia intelectual demonstrada pelo ex-presidente, contrapondo-a aos valores de respeito e humildade que, na visão do jornal, deveriam caracterizar uma figura pública e um indivíduo verdadeiramente instruído.
Bravanews ironiza e reforça a dependência da notícia aos actores Públicos
A Bravanews adiciona uma nota final com um tom de ironia mordaz, direcionada directamente a Francisco Tavares. O jornal digital sublinha que a única maneira de os comentários do ex-presidente não se tornarem notícia é se ele próprio optar por não os fazer.
Com esta afirmação, a Bravanews inverte a lógica da tentativa de censura, colocando a responsabilidade pela geração de notícias nos ombros do próprio Francisco Tavares. Se ele não se manifestar publicamente, os seus comentários não poderão ser objeto de análise ou de reportagem por parte do jornal.
Esta última observação serve para reforçar a ideia de que figuras públicas, ao expressarem-se em espaços públicos como as redes sociais, inevitavelmente criam material que pode ser de interesse jornalístico. A Bravanews, ao ironizar a "alteza" do ex-presidente, sugere que a sua tentativa de controlar o que é noticiado sobre si é não só antidemocrática, mas também irrealista, dada a sua própria actividade pública.
A mensagem final da Bravanews é clara: a decisão de gerar ou não notícias sobre os comentários de Francisco Tavares reside, em última instância, no próprio ex-presidente, através das suas ações e declarações públicas. O jornal manterá o seu papel de observador e relator dos acontecimentos relevantes para a comunidade da Brava, utilizando como fonte as manifestações públicas de figuras de relevo, incluindo o próprio Francisco Tavares, enquanto este optar por se expressar publicamente.
MS