PAICV insurge-se contra «contra intolerância e violência verbal» e ataque a PR
O PAICV alertou hoje, em conferência, que nos últimos tempos e com cada vez maior frequência, tem assistido «sinais de alguma intolerância e de muita violência verbal» provenientes de diversos quadrantes do poder, nomeadamente de alguns membros do governo, mas sobretudo de alguns deputados, como Filipe Santos que, «num discurso extremamente inadequado e desrespeitoso», atacou recentemente o Presidente da República.
O PAICV alertou hoje, em conferência, que nos últimos tempos e com cada vez maior frequência, tem assistido «sinais de alguma intolerância e de muita violência verbal» provenientes de diversos quadrantes do poder, nomeadamente de alguns membros do governo, mas sobretudo de alguns deputados, como Filipe Santos que, «num discurso extremamente inadequado e desrespeitoso», atacou recentemente o Presidente da República. Além disso, conforme o deputado da nação e membro do Conselho Nacional Luís Pires, estão a «acusar o PAICV de antipatriótico, de querer o pior, sempre o pior para o país e atacar diretamente os dirigentes do PAICV». Alertou que tudo isso «são sinais perversos, não conciliáveis com a convivência democrática e com a criação de condições para o diálogo e o entendimento à volta das principais questões que afetam o país».
Para o PAICV a qualidade da democracia é também medida pelo nível de respeito e de urbanidade com que nos relacionamos com os nossos adversários.
“O PAICV continuará a exercer com toda a responsabilidade a sua função de fiscalizar a ação governativa e não se intimidará com esses ataques, pelo que exorta o MPD a arrepiar caminho”, avisou Luís Pires.
Conforme assinalou, é preciso, sobretudo, sermos mais tolerantes com relação às posições dos outros, interiorizando o respeito pela diferença que, afinal, constituiu um dos elementos base da cultura democrática.
“O Sr. Deputado Filipe Santos, subindo de tom, num discurso extremamente inadequado, desrespeitoso mesmo, dirigido contra o Sr. Presidente da República, ultrapassou todos os limites. Tal postura não fica bem para este país de brandos costumes e é uma péssima mensagem para a imagem de Cabo Verde”, advertiu.
Pires ressaltou que o pior de tudo isto «é que não houve nenhum sinal da cúpula ventoinha no sentido de se demarcar deste grotesco posicionamento», o que pode indiciar que todo o partido sufraga esta forma deselegante de tratar o mais alto Magistrado da Nação.
“Dos Deputados da Nação espera-se um discurso pedagógico, mais elegante, mais elevado, um discurso que dignifica a função e prestigia a Assembleia Nacional. Um Deputado, em qualquer função que esteja, deve respeitar todos os Órgãos de Soberania, deve tratar de forma polida e correta todas as pessoas e instituições”, salientou.
Para Luís Pires, são discursos do tipo que impunemente vêm fazendo escola que, de certa forma, vêm encorajando os ataques inusitados contra a figura do Sr. Presidente da República, ultimamente até por parte de dirigentes da administração pública, ligados ao partido no poder e, mais recentemente, por parte de alguns responsáveis regionais do partido no poder.
«O clima de insegurança e de ódio até aqui inimagináveis em Cabo Verde poderá estar a ser alimentado, em grande parte, pelos discursos de conteúdos inflamados, inadvertidamente proferidos por determinados atores políticos. É bom lembrar que vivemos numa sociedade em que os adolescentes e jovens precisam de referências positivas para adotarem como modelos inspiradores de atuação”, destacou.
Segundo este parlamentar, fica difícil condenar a violência praticada por uma determinada franja da nossa sociedade quando «os próprios parlamentares usam discursos tão inflamados, tão rasos, tão rudes, tão grotescos».
“Fica difícil pedir aos adolescentes e jovens maior moderação na linguagem e menos violência verbal e física se os principais atores políticos não adotarem melhores posturas”, completou este deputado.
O conferencista afirmou que não se compreende esta saga obstinada contra a figura do Presidente da República. “Tivemos no passado recente vários exemplos de coabitação entre sensibilidades diferentes nos Órgãos de Soberania, que bem poderiam ser referências para uma necessária mudança de postura”.
Conforme ressaltou, o PAICV durante todos estes anos sempre tratou com elevação, dignidade e respeito a figura do Presidente da República e nunca estimulou os seus dirigentes a atacarem este importante Órgão de Soberania.
“Fica mal replantarmos na Semana da República a democracia para, na semana seguinte, esgravatarmos as raízes, querendo tombar o que conjuntamente vamos construindo, com tanto esforço e com renovadas esperanças”, enfatizou.
Luís Pires entende que o Presidente da República, em São Filipe, fez aquilo que faz e tem feito em todos os Municípios por onde tem passado, ou seja, elogiar aquilo que está bem feito e incentivar aquilo que precisa ser melhorado, sempre numa perspetiva positiva e construtiva.
“Fala da dinâmica social, das perspetivas de desenvolvimento e dos desafios dos Municípios, das ilhas e da nossa diáspora. Fala da cooperação que deve existir entre as instâncias do poder e da necessária participação da sociedade civil. Tudo visando encontrar as melhores soluções. No que vimos e ouvimos não houve nada de errado na postura do Sr. Presidente da República”, disse.
De resto, destacou, as Câmaras governadas pelo PAICV têm a tradição de fazer muito, com poucos meios, gerindo os recursos públicos com rigor e transparência, sendo a prestação de contas a sua imagem de marca.
“Os projetos antigos e novos melhoram e dão frutos ou pioram e morrem, em função daqueles que estiverem a governar. Em São Filipe os projetos estão a melhorar, estão a dar frutos. Só assim se compreende a razão de tantas pedradas. Se dependesse da vontade dos dirigentes do MPD, São Filipe e toda a ilha do Fogo continuariam parados no tempo desde 2016”.
Aliás, apontou que a intervenção deste Governo na ilha é ainda pequena demais para as grandes ambições dos Foguenses. «Todas as promessas de campanha ainda estão no papel, mas tudo isso são contas de um outro rosário», notou.
Luís Pires fez questão de realçar que «para o PAICV há sempre lugar para fazermos política de forma diferente com um profundo e genuíno respeito pelos nossos adversários e suas ideias».
“Em primeiro lugar, devemos interiorizar que os Deputados devem sempre colocar as questões do desenvolvimento do país e das nossas ilhas acima de todos os outros interesses individuais, dos partidos políticos ou de grupos”, concluiu o conferencista do maior partido da oposição.