REPORTAGEM/Brava: Vinagre – um “paraíso” que se for restaurado e recuperado poderia ser um chamariz para antigos moradores

A localidade de Vinagre fica situada na Vila de Nova Sintra, um pouco mais baixo da zona de Santa Bárbara, localidade esta onde a maioria dos antigos moradores de Vinagre reside actualmente.

Jul 23, 2019 - 03:01
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REPORTAGEM/Brava: Vinagre – um “paraíso” que se for restaurado e recuperado poderia ser um chamariz para antigos moradores

A localidade de Vinagre fica situada na Vila de Nova Sintra, um pouco mais baixo da zona de Santa Bárbara, localidade esta onde a maioria dos antigos moradores de Vinagre reside actualmente.

A zona de Vinagre é recordada pelos antigos moradores como sendo uma aldeia que já foi de “fartura”, na época em que havia água abundante.

A Inforpress foi conhecer esta localidade e encontrou Alberto Burgo, a única “alma viva” que estava neste local no dia, que contou que é guarda da zona há 28 anos, mas, antes de ser guarda, viveu desde os oito anos de idade até quase quarenta anos em Vinagre.

Burgo tem hoje 63 anos e recordou que na época em que a zona tinha água correndo pelas lavadas, tanques e ribeiras, havia também toda e qualquer tipo de plantações e verduras nesta zona. Puxa da memória e lembra que havia até fábricas e fornos de cal, cujo produto final era exportado para outras ilhas.

“Naquela época, a zona de Vinagre era movimentada, mas calma. Recebíamos pessoas de todas as zonas da Brava, de vários outros destinos. De dentro e fora do país, porque aqui em baixo, tudo era sereno. Só era possível escutar o bater das águas nas pedras, o grito das crianças saltitando de um lado para o outro e o cantarolar das aves”, recordou, emocionado, o guarda e antigo morador.

Segundo o mesmo, “tudo o que é bom dura pouco ou o suficiente”. Pois, aos poucos, realçou, a água foi diminuindo, para “acabar” com a alegria dos criadores de gado, dos agricultores e, mais ainda, dos próprios moradores.

Sem ser disso, contou que não somente os moradores desfrutavam do “sabor e do frescor” da água desta zona.

“Quase todos os bravenses tinham uma garrafa de água de “binagri” na sua casa e havia aqueles que somente consumiam a água desta zona”, disse a mesma fonte.

Questionado sobre o porquê desta procura, contou que a água tinha uma espécie de gás e era bem forte, daí que muitos possuíam o prazer em consumi-la, mesmo sabendo que tinham de percorrer alguma distância para chegar à zona.

Hoje, a aldeia está totalmente coberta de árvores de espinhas e o terreno muito seco e árido e, segundo a fonte, nos últimos meses, um emigrante bravense, residente nos Estados Unidos da América, tem feito alguns trabalhos de limpeza e algumas diligências para ver se consegue recuperar um pouco da água.

E depois de passar muito tempo esquecida pelas pessoas, conforme contou, após o início destes trabalhos, a zona entrou novamente na rota dos bravenses e de alguns turistas, não em quantidade idêntica aos anos em que era verde, mas a presença tem sido “frequente” para piqueniques.

Alfredo Pina ainda tem o sonho e o desejo de, caso a água for recuperada, voltar a viver na zona, mesmo sabendo que não vai ser igual aos tempos de infância e da juventude. Mas o facto é que ele, mesmo não morando aí, sai todos os dias da sua casa para Vinagre, tendo em conta que trabalha ali como guarda e Vinagre lhe faz sentir-se “bem”.

MC/JMV

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