UCID condena aumento salarial na chefia da TACV e questiona se há recursos para elevar salário mínimo para 30 contos
O presidente da UCID criticou hoje o aumento salarial do novo presidente do conselho de administração da TACV para 450 contos mensais e perguntou se haverá recursos para aumento do salário mínimo de 19 para 30 contos.
Em conferência de imprensa na sede regional do partido, na cidade da Praia, o líder da União Cabo-verdiana Independente e Democrática (UCID, oposição) considerou que este aumento representa “uma quebra de coerência política, de respeito pela lei e pela justiça social”, sublinhando que o país precisa reencontrar a coerência moral e política.
Segundo João Santos Luís, até 2016 as remunerações dos gestores públicos eram definidas por resolução do conselho de ministros, mas que com a alternância política, o Movimento para a Democracia (MpD, poder) decidiu criar um diploma para harmonizar os salários e impor um limite máximo de 300 contos.
“Na teoria, a medida parecia promover transparência e racionalidade na gestão pública mas, na prática, porém, o princípio de harmonização tem sido sistematicamente ignorado”, frisou, realçando o aumento de 50% no novo salário auferido pelo presidente do conselho de administração da TACV, Armindo Sousa.
Segundo o dirigente, a Cabo Verde Airlines (TACV) é uma empresa pública “com um passivo superior a 25 milhões de contos, grande parte garantida pelo Estado”, que acabam por transformar a dívida em “encargos suportados por todos os cabo-verdianos”.
“A UCID não é contra salários dignos, pelo contrário, acreditamos que quem assume grandes responsabilidades deve ser justamente remunerado”, defendeu.
A mesma fonte sustentou que rejeita a lógica da exceção permanente, em que “a lei vale para uns e é ignorada para outros ao sabor da conveniência política”.
João Santos Luís considerou ainda que se o país tem capacidade para pagar salários de 450 contos, então “deve haver também recursos para valorizar os trabalhadores humildes”, apontando como exemplos o aumento do salário mínimo de 19 para 30 contos.
Apontou, na mesma linha, a melhoria das pensões de aposentação e sobrevivência de seis para dez contos, e a resolução de dívidas do Estado com antigos funcionários da EMPA, “que aguardam há décadas por justiça”.
O líder da UCID apelou igualmente à resolução de pendências com ex-militares de 1975, antigos trabalhadores da empresa Justino Lopes, do município de Santa Cruz, que continuam vítimas da “inércia e insenbilidade”, bem como à criação de melhores condições para os estudantes universitários de famílias com baixos rendimentos.
“Não podemos continuar a exigir sacrifícios ao povo enquanto se mantêm privilégios a uma elite administrativa”, sublinhou, acrescentando que “um Estado forte não se mede pela altura dos salários dos seus gestores, mas pela profundidade da justiça social que garante ao seu povo”.
A UCID posicionou-se face ao compromisso com “uma governação ética e socialmente responsável”, defendendo um Estado que “respeite a lei, valorize o trabalho” e distribua melhor os recursos, com verdadeira justiça social”
A assembleia geral da TACV, realizada no dia 21 de Outubro, confirmou a eleição de Armindo Sousa como novo presidente do conselho de administração e a integração de Mário Tavares, até então director de Qualidade, na comissão executiva.
Durante o encontro, que aconteceu na Cidade da Praia, foi também aprovada a proposta apresentada por Victor Fidalgo, maior accionista privado da companhia, para o aumento salarial do PCA para 450 contos, e os administradores vão para 405 contos.
Inforpress




















