Senhor Primeiro-Ministro, por que razão continua a prometer à diáspora progresso, oportunidades e reformas, quando tão pouco tem sido concretizado? Não sente um mínimo de responsabilidade, ou até de dever espiritual, como homem de fé, pelas inúmeras promessas não cumpridas que repete ano após ano?
Não seria mais sincero — e talvez até mais digno — sentar-se connosco e admitir que não existe um plano real de longo prazo para Cabo Verde sob a sua liderança? Que o atual programa político, em vez de se focar em mudanças transformadoras, serve os interesses de poucos, deixando para trás a maioria?
Cabo Verde está num ponto crítico. O nosso povo continua a sofrer devido a duas falhas fundamentais: um sistema de saúde precário e uma rede de transportes que isola as nossas ilhas e estagna a nossa economia. Estes não são problemas abstratos — são realidades que afetam vidas todos os dias.
Por que razão os investidores estrangeiros, especialmente de países como a China, recebem tratamento preferencial, enquanto os cabo-verdianos da diáspora — o seu próprio povo — não têm acesso aos mesmos incentivos nem oportunidades para contribuir de forma significativa para o futuro económico do país? Se houvesse igualdade de condições, poderíamos fomentar concorrência, inovação e investimentos duradouros que verdadeiramente impulsionassem Cabo Verde como um todo.
Senhor Primeiro-Ministro, peço-lhe respeitosamente que reconsidere a sua abordagem. Não precisamos de mais um discurso preparado, lido atrás de portas fechadas com bilhetes pagos, organizados pelo consulado como se fosse um espetáculo itinerante. O que precisamos é de diálogo autêntico — uma oportunidade genuína para que os cabo-verdianos no exterior se envolvam diretamente consigo, troquem ideias, apresentem soluções e trabalhem juntos pelo bem da nossa nação.
É tempo de liderar com verdade, humildade e coragem. E é tempo de lembrar o povo cujo voto lhe confiou esta responsabilidade em primeiro lugar.
Atenciosamente,
Antonio Varela
Empresário e Defensor da Comunidade Cabo-Verdiana nos EUA