Ex-Presidente da Câmara da Brava despeja críticas sobre Governos e emigrantes, apontando para Responsabilidade compartilhada no atraso da Ilha

Cidade de Nova Sintra, 5 de Maio de 2025 (Bravanews) - Em comentários contundentes, Francisco Tavares, que liderou a Câmara Municipal no mandato 2020/24, não poupou críticas aos sucessivos governos do PAICV e do MpD, que juntos somam quase meio século no poder em Cabo Verde. No entanto, a veemência do ex-autarca não se deteve nas esferas governamentais, estendendo-se também à diáspora bravense, a quem responsabiliza, em parte, pelo lento desenvolvimento da ilha.

May 5, 2025 - 21:32
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Ex-Presidente da Câmara da Brava despeja críticas sobre Governos e emigrantes, apontando para Responsabilidade compartilhada no atraso da Ilha

Tavares não hesitou em classificar a actuação dos governos como "ineficaz" e "lenta" no que concerne às necessidades específicas da Brava. Segundo o ex-presidente, os 30 anos de governação do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV) e os 19 anos do Movimento para a Democracia (MpD) ficaram aquém das expectativas dos bravenses, com promessas não cumpridas e investimentos considerados insuficientes para impulsionar o progresso da ilha.

É inegável que os governos tiveram um papel crucial no desenvolvimento do país, mas no caso particular da Brava, sentimos muitas vezes que fomos deixados para trás, disse uma fonte próxima do autarca. Na Brava, reconhece a nossa fonte, as infraestruturas são precárias, a conectividade continua a ser um desafio e as oportunidades económicas são limitadas. Não podemos ignorar a responsabilidade dos que estiveram e estão no poder.

Contudo, a crítica mais surpreendente e que certamente gerará debate acalorado na comunidade bravense e na diáspora foi direcionada aos emigrantes. Francisco Tavares argumenta que, apesar do forte laço emocional e das remessas financeiras importantes para a economia local, a emigração não tem contribuído de forma efetiva para um desenvolvimento mais estruturado e sustentável da ilha.

Para Tavares, é preciso um envolvimento mais activo, um investimento direto em projectos que gerem emprego, que tragam inovação e que ajudem a diversificar a economia. Além de criticar os emigrantes, que na opinião de Tavares deveriam ficar na ilha e apoiar no processo de desenvolvimento, este vai mais longe e alega que se sente uma falta de visão estratégica por parte da diáspora para o futuro da sua terra natal.

O ex-presidente da Câmara Municipal da Brava reconhece o valor inestimável do apoio familiar e financeiro dos emigrantes, mas salienta que este não tem sido suficiente para superar os desafios de desenvolvimento que a ilha enfrenta. Para Tavares, é fundamental que os bravenses na diáspora transcendam o papel de meros remetentes de dinheiro e se tornem agentes activos na transformação da sua terra.

Apesar das críticas contundentes, Francisco Tavares fez questão de sublinhar que a responsabilidade pelo atraso no desenvolvimento da Brava é partilhada. "Não devemos esperar só pelo Governo", enfatizou. "A comunidade local, os empresários, as associações e, crucialmente, os nossos emigrantes têm um papel fundamental a desempenhar. É preciso união de esforços, uma visão partilhada e um compromisso coletivo para que a Brava possa finalmente alcançar o progresso que tanto almeja."

As declarações de Francisco Tavares certamente reacenderão o debate sobre o futuro da ilha Brava, o papel do governo central e a contribuição da sua vasta diáspora. Resta saber se estas críticas severas servirão de catalisador para uma mudança de postura e para uma colaboração mais efetiva em prol do desenvolvimento sustentável desta pérola do Atlântico.