Apresentação do livro «Songbook - Vol.3, Música de Cabo Verde» de Vuca Pinheiro

Nasceu na Vila Nova Sintra, Ilha Brava, no dia 23 de janeiro de 1948. Filho de Júlio José Pinheiro, médico, já falecido e de Maria da Conceição Azevedo Pinheiro. Tem 10 irmãos, sendo 5 mulheres e 5 homens, curiosamente espalhados por 3 continentes, sendo que o maior número deles reside em 6 diferentes Estados dos EUA.

Apr 13, 2023 - 04:08
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Apresentação do livro «Songbook - Vol.3, Música de Cabo Verde» de Vuca Pinheiro

Nasceu na Vila Nova Sintra, Ilha Brava, no dia 23 de janeiro de 1948. Filho de Júlio José Pinheiro, médico, já falecido e de Maria da Conceição Azevedo Pinheiro. Tem 10 irmãos, sendo 5 mulheres e 5 homens, curiosamente espalhados por 3 continentes, sendo que o maior número deles reside em 6 diferentes Estados dos EUA. Passou a primeira infância na ilha Brava, mais precisamente na Vila Nova Sintra, no auge da sua vitalidade habitacional, num clima de muita intensidade cultural, num ambiente propício a serenatas, saraus culturais, festas de romaria e musicalmente favorável à introdução de jovens em andanças de aprendizagem musical. O seu primeiro instrumento musical foi uma gaita de boca oferecida por um amigo do seu pai. Noutros tempos, também o seu pai já lhe havia oferecido uma guitarra portuguesa. Mas, aos poucos, ainda garoto (por volta dos 12 anos de idade) e durante o período de férias escolares, começou a sentir a influência das serenatas, das tocatinas na praça e dos ensaios de grupos musicais da época na ilha Brava. Nessa ilha, sempre houve o hábito de quase todos tocarem um instrumento musical, mas havia um tocador que sobressaía dos demais e por isso cativava a sua atenção. É ele o Djick Oliveira, antigo professor do Liceu da Praia e hoje também professor de violão. Assim, e sem que o próprio Djick o percebesse, tornou-se o seu mentor, e a tentativa de emulação do mestre veio logo a seguir, quando em casa tentava repetir o seu feito. Essas tentativas tornaram-no muito cedo num autodidata que gosta de explorar as cordas de um violão e desenvolveu uma maneira muito peculiar de tocar, uma vez que nunca gostou de imitar ninguém.

Mais tarde, já no Brasil, complementou a sua educação musical frequentando uma escola de música (“Música de Minas”) por 2 anos, o que o ajudou a alargar os seus conhecimentos musicais, e a conhecer e a aceitar novos horizontes, novas escalas e novos ritmos. O seu trajeto musical sempre teve a finalidade primeira de fazer renascer a composição bravense e trazê-la para o seio da atualidade musical cabo-verdiana, uma vez que a mesma vinha progressivamente se perdendo no tempo sem que se pudesse vislumbrar outro panorama mais favorável.

A saudade da terra natal, vivida em terras brasileiras e a necessidade de preservar a cultura tradicional cabo-verdiana (especialmente a bravense), fez com que focasse toda a sua atenção no assunto. Começou por gravar, nos EUA em 1985, o seu primeiro disco (“Força Di Cretcheu”), quando a música da Martinica sufocava literalmente a música tradicional cabo-verdiana. Contrariamente a todas as previsões, esse disco de mornas antigas da ilha Brava conseguiu obter um enorme sucesso que fez com que a Morna se reafirmasse no cenário musical cabo-verdiano nos EUA.

Discografia

1985 - “Força Di Cretcheu” - Instrumental - Mornas antigas da ilha Brava da autoria de Eugénio Tavares, José Medina, Rodrigo Peres, Silvestre Faria, Wilson Nunes e Lúcio Azevedo.

1987 - “Ês Quê Nha Terra Cabo Verde” - Instrumental - Mornas antigas da ilha Brava espelhando composições de Eugénio Tavares, Djedjinho, Silvestre faria, José Medina, Edwino Nunes e Álvaro Soares. Para demonstrar que tinha intenção de gravar mornas de outras ilhas, incluiu neste disco mais duas mornas de São Vicente, composições de Gabriel Mariano, Jacinto Estrela e Djô D’Eloy.

1993 - “Cretcheu Na Paz” - Instrumental - 8 mornas antigas da ilha Brava. Neste disco incluiu duas composições de sua autoria, sendo uma delas (“Nôs Poeta Rodrigo”) uma homenagem a Rodrigo Peres, um dos grandes compositores da Ilha Brava. A outra morna (“Sodade de Cabo Verde”) viria a ser regravada mais tarde no cd “Vuca Pinheiro & Amigos”.

1996 - “Fama Sem Prubêto” - Instrumental - Mornas da Brava, Fogo, Boavista e São Vicente, para além de novos ritmos incluídos como a mazurca, valsa e samba, estes de sua autoria.

2000 - “Vuca Pinheiro & Amigos” - Devido ao acúmulo de composições de sua autoria, versando sobre amor, saudade e crítica social, decidiu convidar cantores da comunidade cabo-verdiana emigrada para interpretarem essas composições. Participaram do cd: Djosinha, Piduca Silva, Armando de Pina, Sãozinha Fonseca, Quirino DoCanto, Lutchinha, Zé Rui, Judite Pinheiro, Duducha, Amadeu Fontes, José Silva, Galvão e Vuca Pinheiro, num total de 32 músicos envolvidos.

2009 - “Terra De Eugénio” - Segundo cd com composições de sua autoria interpretadas por Bana, Tó Alves, Piduca Silva, Armando de Pina, Calú Bana, Toi Pinto, Quirino DoCanto, Judite Pinheiro, Lutchinha, Carlos Diamantino e Aníbal. Este cd, versando também sobre o amor, a saudade e a crítica social, teve a colaboração de 34 artistas sob o tema da “união entre músicos”.

2012 - “Novo Horizonte” - Duplo cd instrumental com um total de 51 temas gravados em 30 faixas. Para além de 12 composições de sua autoria, este cd duplo contém temas de origem cabo-verdiana, brasileira, portuguesa, latina e argentina.

2012 - “Marchas de Fim-de-Ano da Ilha Brava” - Um trabalho de pesquisa e recuperação de 15 temas da memória bravense dos anos dourados da Ilha das Flores, (por sinal com 4 composições do seu pai), com interpretações de Djosinha, Armando de Pina, Sãozinha Fonseca, Van Feijóo Pereira, Djuta Barros, Peter Arteaga, Esmeraldo Duarte e Carlos Mendes.

2018 - "50 Anos de Lides Musicais de Vuca Pinheiro" - Duplo cd sendo um com 14 temas de sua autoria e outro instrumental com uma seleção de alguns temas dos seus quatro primeiros álbuns instrumentais. No primeiro, e só para esta ocasião especial, pediu licença aos seus amigos para se apresentar neste cd como "cantor", algo que definitivamente não se considera!

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